Desde a idade média há artigos falando de corrupção, de gente desonesta no poder, de incompetencia, abuso de poder, tráfico de influencia, mas principalmente de desonestidade, falta de ética.
Duvido muito que alguém possa atirar a primeira pedra, pois se há corruptos na politica devemos admitir que sairam do meio do povo, pois todos nascem com a semente da corrupção e o que determina o grau de honestidade, de ética, será proporcional ao quanto essa semente foi regada durante a vida, com mentiras, jeitinho de levar vantagens, omissões e mais uma gama de atitudes não muito louváveis.
Furar uma fila é um ato corrupto.
Tirar uma carteira de habilitação de forma não convencional também é um ato corrupto.
Tudo que fazemos contrariando normas e regras, é um ato de corrupção em menor ou maior grau.
A sonegação é corrupção.
Não emitir Nota Fiscal é corrupção.
A todo momento, na ânsia de vender, pessoas omitem informações e até mentem. Mentem no prazo de entrega, mentem na qualidade, mentem nas referencias, mentem na composição, etc.
Claro que temos o direito de cobrar honestidade de nossos governantes, nossos representantes, mas não seria muito lógico cobrar algo que não praticamos a todo momento.
Nossos filhos farão o pais do futuro, portanto a eles cabe nossa imensa responsabilidade de educar, frisando o caráter, a honestidade, a ética.
Alias ética é o conjunto de todos esses valores e virtudes.
Quiçá as escolas tivessem como disciplina, assim como português e matemática, a ética envolvendo todos esses valores de conduta moral, honestidade, lealdade. Por exemplo, desde os primeiros anos de escola ensinando sobre achar e devolver, dando parabéns e incentivos para as praticas honestas. Apesar de ser uma obrigação ser honesto, os valores estão tão invertidos que um incentivo seria oportuno para as crianças que, por exemplo, acham e se preocupam em devolver.
Quantas pessoas batem em um carro parado, sem o condutor presente, e se preocupam em procura-lo ou deixar um aviso que bateram no seu carro, constando uma forma de contato?
Quantas pessoas acham um celular e tentam devolver de todas as formas?
Quantas pessoas acham uma carteira recheada de dinheiro e devolvem?
A corrupção na política é um reflexo do comportamento do povo. A diferença é que na política, a coisa é mais notada, afinal o dinheiro é público. Claro que a facilidade, aliada à oportunidade e desonestidade fazem com o que o sujeito de caráter duvido haja, mas ele já era desonesto antes de praticar o delito, só lhe faltou a oportunidade.
O corrupto não nasce na política, nela ele se destaca e seu grau de corrupção se torna público, embora nem sempre, infelizmente.
Numa conversa informal é possível identificar muita gente com indícios de tendência à corrupção, e não são poucos. A questão é que as pessoas comuns não veem como corrupção seus pequenos atos incorretos. Muitos só consideram corrupção o ato desonesto que envolve grandes valores e principalmente na política.
Receber troco a mais e não devolver é corrupção. Notar que a conta do restaurante veio faltando itens a serem cobrados e não informar é corrupção. Vender um carro ocultando problema é corrupção.
As pessoas são corruptas no dia a dia, mas acham que não são.
O problema da corrupção é endêmico e começa pelo exemplo dos pais e pessoas próximas.
A corrupção na política pode sim diminuir, criando meios mais eficientes de controle e fiscalização, mas afirmar que vai acabar é um sonho.
A verdade é uma só, tudo que fazemos temos que imaginar que estamos sendo vistos, filmados e assim não fazer. Mas sabemos que isso não é verdade e certas situações farão como que um ato de corrupção seja visto como uma atitude apenas inteligente, esperta, comercialmente viável, oportuna.
O pior de tudo são esses pensamentos:
"Não sou eu que vou consertar o mundo!"
"Todo mundo faz, porque eu que vou ser o santo!"
"Não estou fazendo mal a ninguém!"
"Será só essa vez!"
"Pra que vou pagar os impostos certinho se o dinheiro é desviado?"
Desejar um mundo sem corrupção é utopia, mas podemos nos esforçar, cada um, isoladamente, praticando a honestidade em tudo, até mesmo nos menores atos, inclusive nos pensamentos.
Claudio Cortez Francisco
Classificador Fiscal de Mercadorias
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