Achei que o Linkedln era uma rede de negócios antes de conhece-lo melhor. Hoje sei que é voltado para colocação profissional e há muitos artigos e comentários sobre entrevistas, o que o entrevistado dizer ou não dizer na entrevista, como agir, o que tem mais peso e menos peso, qual a abordagem ideal do entrevistador, etc.
Já participei de inúmeros processos seletivos, como vítima (rs), e creio que temos um longo caminho a percorrer para atingir a excelência na tarefa de recrutar, de selecionar. Envolve muita coisa, ademais são seres emocionas entrevistando seres emocionais. E estão em situações diferentes, necessidades diferentes e diferença também emocional.
Eu acredito que o ideal é a entrevista ser como um bate papo informal e descontraído.
Acho um erro que o peso da escolaridade seja colocado tão acima da capacidade, experiência, inteligência, criatividade, dentre outras qualidades.
Ao meu ver deveria ser feito um teste geral e um específico para as necessidades da função, além da entrevista e de avaliação da escolaridade. Adotando um peso para cada fase e assim estabelecendo uma média aritmética.
Por exemplo:
A) Entrevista 5,5 + Teste Geral 7,0 + Teste específico 9,0 + Escolaridade 9,5 = Média 7,75
B) Entrevista 9,5 + Teste Geral 8,5 + Teste específico 10,0 + Escolaridade 6,0 = Média 8,5
Um candidato pode ser perfeito para uma determinada função é péssimo numa entrevista. Pode ter curso superior e ser bem menos inteligente e capaz do que aquele que não tem formação superior. Alias nem deveria ter o nome superior, pois um curso não torna ninguém superi.
É de conhecimento de todos e também da ciência, que inteligência e criatividade é uma coisa e conhecimento outra. São muitas as características que precisam ser levadas em conta:
Capacidade de se relacionar
Raciocínio lógico
Raciocínio emocional
Responsabilidade
Empatia
Colaboração
Escolaridade
Experiência
Conhecimentos gerais
Personalidade
Iniciativa
Criatividade
Persistência
Paciência
Organização
Senso de liderança
Disponibilidade
Tudo de acordo com as necessidades e exigências da função é claro.
E tem mais querendo ou não o entrevistador recebe influencia de sua formação, sua personalidade seu padrão socioeconômico e cultural. E em sua mente ele tem um padrão de normalidade para tudo, e outro que é imposto pela empresa.
O meio onde vivemos, nossa tribo, influencia nossas avaliações. Cada um cria seu padrão de algo ideal para tudo.
O entrevistado também tem tudo isso e de acordo com a necessidade do emprego seu comportamento vai mudar e algumas respostas serão variáveis, mesmo que haja uma só verdade.
Sabemos também que o maior defeito do ser humano é julgar, julga-se pelo tipo de camisa, pelo corte de cabelo, pela tatuagem ou não, pela cor, pelo local onde mora, pelo carro que usa, pela marca do celular, pela voz, pelo olhar, por onde estudou, pelo estado civil, e por mais milhares de coisas que as vezes nem percebemos, mas estamos julgando e sendo julgados.
Uma entrevistadora muito conservadora e moralista não irá ser totalmente imparcial diante de uma entrevistada mais ousada, porém respeitosa. Um entrevistador fanático por uma religião não avaliará um candidato com total imparcialidade sendo de outra religião que não simpatize.
Pode até se esforçar para ser imparcial, mas nunca será totalmente, diante de outro que mais lhe agrada de acordo com suas escolhas, gostos e opiniões.
Podem até discordar, mas o ser humano é assim, falho, incoerente as vezes, sugestionado por seus gostos e padrões, além dos impostos pela sociedade e seu meio onde vive.
Basta ouvir um bate-papo descontraído de um grupo em um churrasco amistoso, num encontro de amigos que saberemos identificar que tipo de pessoa mais ou menos lhes agrada e recebe aprovação de sua tribo.
Esse é um mundo mais que capitalista, é um mundo de aparências. A aparência da pessoa e a aparência do currículo, no que tange ao conteúdo, o que pode determinar que nem seja chamado para entrevista, mesmo que seja o funcionário dos sonhos.
Uma entrevista não deixa de ser um julgamento, mas será que quem julga tem realmente total conhecimento, e principalmente sabedoria para tal? Nunca me agradou a ideia de pessoas julgarem pessoas.
Claudio Cortez Francisco