Por isso, com a ajuda de Bonomo, o Terra listou cinco áreas da empresa em que se espelhar nas grandes companhias vale a pena. Veja as dicas.
Área financeira
"É a área mais importante da empresa. É de onde vem o primeiro sinal de que tudo vai bem, ou não", acredita Bonomo. Por isso, ele recomenda que o empreendedor saiba exatamente quais são as fontes de receita, de custos e despesas e, mais do que isso, o que elas representam para o negócio.
Segundo o professor, é preciso sempre ter em mente o "ponto de equilíbrio", momento em que o capital que entrar passará a ser lucro - e poderá ser usado tanto para usufruto próprio, como para reinvestir no negócio. Outra dica é estabelecer, desde o começo, o valor do pró-labore. "O empresário precisa ter claro qual a sua dependência financeira para, a partir daí, determinar uma quantia. Isso não pode ser subjugado e nem precisa ser um segredo. Ajuda em um controle de caixa efetivo", afirma Bonomo.
Nas grandes organizações, um - ou vários - departamentos se ocupam de cuidar das finanças. Se o empreendedor não possui colaboradores com essa especialização e ele próprio não tiver conhecimento do assunto, vale recorrer a cursos rápidos e consultorias - há desde as gratuitas até as pagas.
Conhecimento do mercado de atuação
Uma grande empresa sabe exatamente quem são seus concorrentes, qual é o preço praticado no mercado por aquele produto ou serviço que ela comercializa e o perfil dos clientes. "Esses itens são obrigatórios para organizações de qualquer porte", opina o professor do Ibmec.
Na lista entra ainda o contato estreito com fornecedores - para negociar melhor preço, prazo de entrega e se beneficiar de promoções, por exemplo. "Uma grande empresa contrata consultorias e funcionários capacitados para lidar com as questões de mercado. Novamente, se o empreendedor não tiver essa noção, precisa procurar quem faça isso", pondera Bonomo.
Ele acredita que um pequeno empresário naturalmente saiba quem é seu o público-alvo. Caso não tenha isso muito claro, pode procurar ajuda. "Essa é uma das diferenças entre as grandes e as pequenas: as primeiras investem em conhecimento. Já as de menor porte se acomodam com mais facilidade - parece que sentem vergonha por não saber algo e não vão atrás", afirma o professor. Cursos e consultorias podem ajudar a resolver o problema.
Recursos humanos
Uma grande empresa enxerga os seus funcionários como investimento e não como custo, acredita Bonomo. "Claro que se trata de uma organização e, assim como qualquer investimento, espera-se que o colaborador gere retorno", diz o professor.
Segundo ele, uma lógica deve prevalecer: se a empresa cresce, o colaborador cresce junto. E o inverso também é válido. Por isso, vale a pena investir em treinamento e qualificação para os funcionários. Alinhar as expectativas também é importante. O objetivo é que empreendedor, depois de um tempo, saiba exatamente qual perfil de colaborador seja mais adequado e que mais agregue para a sua empresa.
"Não existe contratação 100% eficaz, nem mesmo nas grandes, mas com esse olhar mais apurado, o pequeno empresário passa a perceber com mais facilidade qual é o melhor candidato para a empresa", explica Bonomo.
Operações
De acordo com Bonomo, a maior parte do empreendedores abre empresas porque já tem conhecimento prévio daquilo que vão comercializar ou dos serviços que vão prestar. Uma parcela, porém, escolhe negócios da moda. "Mesmo sem entender da parte operacional, há pessoas que escolhem o segmento de atuação pelo glamour da atividade ou porque vêem outras se dando bem naquele nicho", esclarece.
A prática, claro, não é recomendada. Para o professor, a grande empresa possui uma área técnica extremamente qualificada, que sabe a importância da pré-produção e do pós-produção. "Quem não entende muito bem do negócio pode vender um produto ruim, porque escolheu mal a matéria-prima, por exemplo. Esse empreendedor vai ter um trabalho a mais no pós-venda, por conta da reclamação dos clientes", diz.
Por isso, mesmo que o empreendedor não ponha a "mão na massa" de fato, ele precisa saber de que maneira é feito o seu produto, quais são as melhores e piores matérias-primas e onde é possível economizar na mão de obra, por exemplo.
Inovação
"Uma grande empresa geralmente é precursora quando o quesito é inovação, as MPE muitas vezes não têm tempo de pensar nisso", afirma Bonomo. Mas o conselho do professor é de que, mesmo assim, as organizações de menor porte não abandonem a inovação - que pode ser feita em pequena ou grande escala.
Segundo ele, um negócio jamais pode ser visto como algo fechado, imutável. "As empresas são orgânicas, evoluem. E é isso o que as grandes fazem: pensam em como podem reinventar o seu negócio, mesmo que tenham o mesmo produto e o mesmo mercado", comenta o professor.
Às vezes, a inovação pode ser simplesmente ter uma presença mais eficaz na internet. Outras, firmar parcerias para apresentar seu produto ou serviço para um consumidor que até então não era atingido.
A dica de Bonomo é que os empreendedores tentem - porque não é fácil, como ele diz, encontrar tempo na rotina atribulada de patrão - refletir sobre o negócio e pensar em ações, mudanças, que possam agregar mais valor ao que é comercializado. Para ele, é isso que faz uma empresa se estabelecer e crescer.
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Fonte: Terra