Na semana passada, apresentamos um primeiro cenário para, então, desenvolvermos nosso Plano Econométrico, utilizando o Sistema de Margem de Contribuição e o comparativo Custo x Volume x Lucro. Como nossa Diretoria já nos orientou que o lucro informado ($ 45.000,00) deve ser considerado em nosso Orçamento, temos que trabalhar um cenário que ao final, resulte no lucro definido.
Como fazer isso? Não é difícil desde que entendamos o cálculo do Ponto de Equilíbrio. Conceitualmente, é o nível de faturamento em que a despesa fixa é igual ao lucro gerado, ou seja, o nível de faturamento onde pagamos todas as despesas e não temos nenhum lucro: despesa fixa = lucro. A técnica é a seguinte.
Sabemos, é só rever o artigo anterior, que o nosso único produto gera uma Margem de Contribuição de 40%. Relembrando, isso significa que nosso produto a cada $ 1,00 de vendas, nos deixa $ 0,40 de margem. Nossa empresa tem uma Despesa Fixa de $ 60.000,00. A fórmula é: P.E. = Despesa Fixa/MC unit. Substituindo, teremos: P.E. = 60.000/0,40 = 150.000. Este é o nível de faturamento que devemos alcançar para não termos nem lucro, nem prejuízo. Segundo passo... Além disso, temos que considerar o Lucro definido pela Companhia $ 45.000,00 e os impostos diretos 34% que incidem sobre o lucro operacional. Temos que incluir “por dentro” o porcentual de 34% dos impostos diretos. Fica assim: Lucro Operacional = Lucro Líquido / (1- %IR) = 45.000/ (1-0,34) = $ 68.181,82. Esse é o valor que devemos considerar em nosso plano para o Lucro Operacional.
Nosso novo Ponto de Equilíbrio, agora considerando o Lucro definido, será:
Despesas Fixas $ 60.000,00
Lucro Operacional $ 68.181,82
Valor a ser coberto pela Margem de Contribuição $ 128.181,82
Utilizando-se do mesmo raciocínio do P.E. teremos:
Valor a ser Coberto $ 128.181,82
Margem de Contribuição unitária: 40%
O novo Ponto de Equilíbrio ou, neste caso, o nível de faturamento necessário para cobrirmos nossas Despesas Fixas, os Impostos diretos e Lucro Líquido é: $ 320.454,55. E de fato, nosso Plano Econométrico ficará assim:
Produto |
Quantid. |
PVu |
CSTu |
Venda |
Custo |
Variáveis |
MC |
MC % |
"A" |
10.682 |
30,00 |
10,00 |
320.454,55 |
106.818,18 |
85.401,14 |
128.235,23 |
40,0% |
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Despesas Fixas |
60.000,00 |
|||
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Lucro Operacional |
68.235,23 |
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IR+CSLL+Adicional |
23.199,98 |
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Lucro Líquido |
45.035,25 |
Concluindo, para chegarmos ao Lucro Líquido definido, teremos que gerar um esforço de vendas de mais 682 unidades de nosso produto.
Se isso não for viável, nosso foco se fixará na redução da Despesa Fixa para $ 51.814,77, uma redução de 13,6%, pois teremos que manter as 10.000 unidades de venda.
Temos que levantar um ponto muito importante: tecnicamente conseguimos equilibrar o nosso orçamento, porém como iremos nos comportar como empresa: aumentando preços? Reduzindo Despesas? Reduzindo os custos? Aumentando as Vendas? Renegociando o pay-back? O mais utilizado é a redução das despesas com pessoal, porém o mais saudável e lógico é esta sequência:
Aumentarmos os ganhos da empresa: agregando novos produtos, reduzindo os custos, despesas variáveis e perdas;
Redução do Capital Total Empregado na Empresa: reduzindo o ciclo operacional e financeiro, “desimobilização” de máquinas, equipamentos e imóveis não utilizados operacionalmente, por exemplo;
Rever todos os processos e, finalmente,
Reduzir as despesas.
Só teremos sucesso, quando de fato essas decisões forem compartilhadas com todos os responsáveis pelo negócio, em todos os níveis estratégico, tático e operacional, com transparência e objetividade.
Compromisso assumido e união de esforços fazem toda a diferença.
Aproveito para agradecer a paciência de meus colegas e interessados por este tema tão apaixonante.
Até a próxima!
João Eugênio Manetti
Especialista em Controladoria, Contador e Consultor.