Costumo dizer que, se há uma atividade fundamental na sociedade, esta atividade certamente será vendas. Vendemos o tempo todo, desde a infância – quando vendemos nossa fofura, sorriso e delicadeza para encantamento de nossos pais – até o momento da morte, quando vemos “clientes” se despedindo de nós, lembrando do que fomos e partilhamos. Vendemos nossa pessoa, nossa imagem, nossa fé e sentido de viver.
No entanto, ainda hoje vejo que muitos negligenciam o poder da venda. Associam com atividade comum, que nada exige de qualificação – é exatamente o contrário, requer atitude, coisa que não se ensina facilmente. Vender requer perceber o mercado, perceber o outro, olhar o mundo pelos olhos de outro, um verdadeiro exercício de empatia.
Vender bem significa uma conquista pessoal, um desafio realizado. Não significa a manipulação da cena e dos atores, mas sim o entendimento do cenário e dos personagens. Quando vendemos bem, vendemos sempre. Um grande amor é feito da venda de qualidade, constante, sempre com ética e o ardente desejo de estar com o outro, ver o mundo pelos olhos de quem amamos. É um exemplo de venda com “fidelidade”, se me permite o trocadilho.
Há quem tenha vergonha de vender; por certo tem vergonha de se mostrar ao mundo, correr o risco do ridículo perante outros, e evitar o erro. Mas não vender evita também a satisfação, a conquista, a sensação de realização, a chance de ser feliz. Se não vendemos nossa imagem a quem amamos, como poderemos conquistar e realizar este amor?
O mundo precisa de quem vende bem. Os progressos tecnológicos de nada valem se não forem bem vendidos – de que adianta o celular mais moderno se não há quem o apresente, diga as necessidades que ele supre, os desejos que ele irá satisfazer e as funcionalidades que se supõe fazerem a diferença para o consumidor? Sem quem venda o negócio não gira, o mundo não roda e o dinheiro não acontece.
Vender bem é algo que se pode desenvolver, desde que se queira. E quando começado é processo sem volta, pois que o resultado acende a chama interna da motivação e vontade. Traz satisfação para todos os envolvidos, quando feito de forma digna e ética. Traz progresso social e qualidade. Faz bem para todos vender bem.