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O desânimo na profissão contábil é justo?

Por vezes encontramos colegas desanimados com a profissão de contador. As reclamações são muitas e por vezes justas. Mas temos o direito de desistir? Existe profissão sem pedras pelo caminho?

27/05/2014 08:08

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O desânimo na profissão contábil é justo?

Na profissão de contador, os motivos para nos entregarmos ao desânimo são tantos que em alguns momentos desejamos que nossos filhos nunca optem pela contabilidade. A extrema exigência por parte da fiscalização com pesadas multas, colegas menos experientes que aviltam os honorários, excessiva legislação tributária (mais de duas por hora) que nos obrigam a estudar constantemente, perda de clientes e redução da lucratividade são alguns dos principais motivos que desestimulam os profissionais da contabilidade e os fazem pensar que qualquer outra atividade os farão sofrer menos e serem melhores reconhecidos.

Mas necessário se faz a reflexão, pois há tantas situações que também apresentam barreiras tão grandes como as nossas, ou talvez ainda maiores. Vejamos o caso de Tony Melendez, o homem sem braços, mas que superou seus limites e tocou violão numa linda apresentação para o Papa Joao Paulo II; ou Vanderlei Cordeiro de Lima, o atleta brasileiro que sonhou com a medalha de ouro nas Olimpíadas de 2004 em Atenas, mas que devido ao protesto de um irlandês foi tolhido, porém não perdeu a alegria pela conquista da terceira colocação; ou da mãe etíope que vê seu filho morrer em seus braços por fome, mas alegremente o entrega a Deus.

Entendo que nós, contadores, exercemos uma profissão com tantos privilégios que só deveríamos agradecer a Deus por nos iluminar nesta escolha. Vejam alguns dos privilégios da profissão: toda empresa deve ser assessorada por um contador; o trabalho é exercido num ambiente saudável; a remuneração é acima da média do rendimento dos cidadãos brasileiros; a acirrada concorrência incentiva o profissional a manter-se constantemente atualizado, inclusive em relação à tecnologia; muitos cursos, congressos e seminários são promovidos, o que, além de contribuir para a constante qualificação profissional, permite ao contador viajar e conhecer novos lugares e pessoas; é um profissional respeitado pela sociedade, sendo o único que pode declarar, e ser aceito por todas as esferas, o rendimento de um indivíduo; por fim, digo que a magnitude da profissão é tão extraordinária que teve o seu início na Idade Moderna, dentro da igreja, por um frei.

Um pai não tem o direito de desanimar, pois é o alicerce da família. Um bom político deve dar exemplo de persistência e demonstrar que vai melhor; o piloto de um avião desgovernado deve lutar com todas as forças e calma até o último minuto na certeza que vencerá o iminente acidente; o professor da periferia sem as mínimas condições de lecionar faz o impossível e dá o que tem de melhor aos seus alunos; o maratonista não se entrega mesmo diante das adversidades e demonstra toda a alegria por finalizar a prova e o mundo o aplaude de pé pelo o que fez.

O contador é um maratonista sabedor de que a sua jornada é longa e exigirá determinação. Ele desconhece todos os obstáculos que podem surgir – alguns assustadores -, mas logo busca forças para superá-los. Pode ser até que ele não chegue em primeiro lugar, mas o pódio está garantido na vida dos nossos familiares e daqueles que torcem por nós.

Dizer que já lutou muito pela classe e isto de nada adiantou é atitude de um perdedor, pois sabemos que todas as barreiras colocadas podem e devem ser superadas. Assim conquistará forças suficientes para ultrapassar os próximos obstáculos. Quem desiste está acabado!

Não precisamos ser o profissional contábil reconhecido por toda a sociedade, mas dar o melhor de nós, sempre e sem desânimo, para contribuir com o crescimento da categoria é um dever a ser exercido com alegria, como o aviãozinho do Vanderlei Cordeiro de Lima ao final de cada nova conquista.

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