Parece simples, mas tudo que envolve o ser humano tende a se tornar complicado, e quanto mais dinheiro envolvido, mais complicado pode ser.
Vejamos a contabilidade, como exemplo, basicamente, você pega o documento, analisa o documento, entende a operação que o documento acoberta e registra o fato na contabilidade através de lançamentos contábeis, simples assim.
Mas quando entra em ação a “Contabilidade Criativa” tudo pode acontecer. Má interpretação dos fatos, ou erro, não intencional, através de desconhecimento de regras, princípios, cpc’s, convenções, normas, medidas provisórias e leis. E também a intencional na qual existe desde lançamentos sem documentação hábil, a manipulação de resultados, para fins diversos, desde sonegação de impostos a valorização de ações em bolsa de valores, melhorando a imagem da empresa.
A fraude e a corrupção desenvolvidas através da contabilidade criativa são temas de preocupação mundial dos governos, órgãos de controle interno e externo e a população mundial, visto que além de serem crimes contra a economia, prejudicam a todos, independente de classe social.
Casos clássicos são o que ocorreram nos Estados Unidos com as companhias WorldCom que retificou os balanços em US$ 4,2 bilhões. O truque contábil utilizado pela empresa era registrar custos fixos como investimentos e da Enron que admitiu ter inflado artificialmente seus lucros e ocultado seu endividamento mediante a manipulação de uma complexa teia de parcerias não explícitas em seu balanço. Fonte: Financial Times, republicado no Valor Econômico, São Paulo, 27 de junho de 2002, p. B3, apud Cintra (2002).
Infelizmente não precisamos ir tão longe para ver a Contabilidade Criativa em ação, em nosso País temos alguns casos famosos dos quais enumerei dois:
1.O rombo no Banco Panamericano em 2010, onde o banco inflava seus balanços por meio do registro de carteiras de créditos que haviam sido vendidas a outras instituições como parte de seu patrimônio.
2. A prisão do Presidente do Banco Cruzeiro do Sul em 2012, por atos ilícitos contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta e formação de quadrilha. O banco Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do Banco Central em junho daquele ano, após a autoridade monetária ter identificado um rombo de 1,5 bilhão de reais na instituição.
Contabilidade do Bem X Contabilidade Criativa ou Fraudulenta, como prevenir?
No passado a contabilidade criativa era usada apenas para reduzir os impostos, mas com o passar dos anos, ela evoluiu, ao ponto de manipular resultados, ações, bolsas de valores, bolsa de mercadorias & futuros, etc.
Qual a motivação para o uso da contabilidade criativa? Segundo uma pesquisa da KPMG Brasil com mil empresas, os motivos são perda de valores morais e sociais, insuficiência nos sistemas de controle, impunidade, problemas econômicos, alterações na organização da empresa e globalização.
Nos Estados Unidos após escândalos famosos entre os citados neste artigo, modificaram a legislação, criando a lei Sarbanes Oxley que pune com maior rigor os crimes do colarinho branco.
Talvez seja a hora de nossos legisladores também punir com maior rigor os casos que acontecem em nosso País.
Enfim quando tratamos da corrupção, não há garantias que ela não acontecerá, mas com o endurecimento das leis e uma fiscalização mais efetiva, podemos minimizá-la. Não para índices aceitáveis, porque corrupção não devia ser aceita de forma alguma e em lugar nenhum, mas sim para que o dinheiro chegue realmente ao seu destino e não seja desviado no meio do caminho.
