Trabalho a 29 anos em um escritório contábil. Praticamente toda minha vida foi escrita nesse ambiente.
Nesse escritório, aprendi a profissão, estudei, me casei, me separei, tive filhos, me casei novamente, me formei, vi meus filhos entrarem na universidade. Ah! E tive uma neta, também.
O escritório tem anos de existência e acompanhei boa parte dessa existência.
Apesar de uma nova geração de sócios ter assumido a empresa, a forma conservadora de administração prevalece.
Dos antigos funcionários, restaram apenas eu e mais dois bravos colegas E somos nós hoje, que percebemos a mudança no perfil da nova geração que está entrando no mercado.
Em parte, invejo esses novos profissionais, pois são mais corajosos. E entenda aqui a coragem, como a ousadia de mudar de emprego de forma desapegada, sem grandes traumas.
Além de corajosos, são ousados e eu diria que até um pouco abusados. Esses jovens que hoje trabalham comigo, riem mais, falam sem restrições, dão suas opiniões apesar da pouca experiência. Enfim, esses jovens alegram o clima na empresa.
Mas essa alegria muitas vezes não é vista com bons olhos, por empresas familiares e conservadoras, que tratam a alegria e o desapego dos jovens como uma ameaça.
Sinceramente, não considero a alegria e o desapego dos jovens como ameaça e sim, como oportunidade. A oportunidade de deixamos de ser ranzinzas e enxergarmos o mundo empresarial com menos restrições.
Apesar de muitos, dizerem que esses jovens profissionais, chegam despreparados das universidades e omissos em suas funções, defendo aqui, que isso não é uma regra. Pode até parecer que estou “puxando a brasa para minha sardinha”, já que também, sou professora universitária, mas realmente não acredito numa juventude inteira perdida e despreparada.
Sinto que os jovens profissionais, tanto meus alunos, como os jovens com os quais trabalho, estão sim, preocupados em serem bons profissionais. E muitos se esforçam e complementam a educação universitária com cursos de aperfeiçoamento.
Acredito ainda, as empresas conservadoras, que enfrentam dificuldades na convivência com esses jovens desapegados, precisam rever seus conceitos.
Não é acuando esses jovens, colocando-os sob vigilância e ameaçando-os, que as empresas conseguirão reter seus talentos.
Por mais que nós, da velha guarda, queiramos ficar mais tempo no mercado, a verdade é que o novo mercado pertence a juventude e uma hora teremos que passar o bastão.
Então ao invés de criticarmos a pouca experiência de nossos jovens, vamos ajuda-los a crescer profissionalmente, vamos ensiná-los e protege-los, e mais que tudo, vamos aprender com eles a arte do desapego consciente.
Eu particularmente estou adorando trabalhar, no escritório e na universidade, ao lado desses jovens desapegados, com seus espíritos livres, que não se deixam dominar de forma fácil.
Um viva aos jovens profissionais, que sejam bem-vindos!