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Economia

A Cultura das Malas – Por quanto tempo ainda teremos que conviver com ela?

Estamos assistindo a um fato do qual não temos ideia precisa do tempo de vida que tem. Malas viajam por todo o Brasil recheadas de dinheiro em quantia digna de prêmios de loteria! Há quanto tempo somos vítimas disso?

02/06/2017 09:34

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A Cultura das Malas – Por quanto tempo ainda teremos que conviver com ela?

Um assalto diferente sem o uso de armas nem de silenciadores; um crime disfarçado e de certa forma arrojado pelo risco do transeunte que se dispõe a atravessar ruas com milhares de reais; e abrem os porta-malas de carros geralmente locados, descarregam a mercadoria, e dão a partida como se levassem velho amigo como passageiro, além, para concluir, que chegam em seus endereços movimentados tratados como “destinos secretos” que pela visibilidade e conhecimento de suas imagens, não provocam suspeitas, nem desconfianças nas portarias dos modernos edifícios, e nem tampouco nas avantajadas garagens subterrâneas: executam assim o moderno “Crime da Mala”. Políticos, grandes Empresários e seus empregados, é quem são seus autores!

Foi no ano de 1926 quando se casaram [1], após terem se conhecido numa viagem à Argentina em 1925, que o casal Giuseppe Pistone e Maria Mercedes Fea desembarcara no Brasil no navio Conte Biancamano, numa fadada viagem terminal. Já em meados de 1928, Maria Fea decidiu escrever uma carta a sua sogra, revelando os motivos do pedido de dinheiro que Giuseppe fizera a sua mãe, uma vez que o pedido havia sido recusado por ela, muito embora tivesse ele direito de herança do falecido pai. A intenção do italiano era a de usar o capital em uma sociedade com seu primo Franceso que o empregara. O casal briga quando Giuseppe descobre tal carta, e a sufoca com um travesseiro sem saber o que fazer com o corpo depois. Colocou-o numa mala, __ hoje objeto do Museu do Crime em São Paulo__, e a despachou para a França.

Coincidências ou semelhanças à parte, no Brasil de hoje muitas malas estão sendo despachadas bem debaixo dos nossos narizes, carregadas e entregues em vários estados brasileiros. Por quem? Por eles, políticos e grandes empresários. Não seria impossível dizer que algumas vezes bem ao nosso lado, no lugar em que estamos! Muitas vezes em real, em dólar ou em euros, malas viajam como se tivessem pernas levando o dinheiro da corrupção, dinheiro público ou dinheiro privado, e as vezes dinheiro que é fruto de investimento do dinheiro público em empresa privada __ nosso dinheiro__, como no caso dos irmãos Batista, que beberam das fontes do BNDES e lucraram muito com isso. E a pergunta não cala: trata-se de coisa moderna do século XXI? Na era Collor, ou ainda, na era Sarney, esta prática existia? Ou, de muito antes?

Malas de dinheiro, dinheiro nas cuecas, dinheiro em aviões, dinheiro nas meias, dinheiro na mão de Bandidos travestidos de Políticos, dinheiro nos bolsos múltiplos de um paletó bem trajado e corporalmente alargado: uma prática antiga. A situação que tínhamos antes, é a mesma de hoje, porém com requintes de vasta divulgação e notoriedade que os holofotes da televisão pelo jornalismo instigante propagam. E não há Jornalista que deixe de se curvar diante de delações tão contundentes e vorazes como estas, que até incorporam o acordo judicial para Ações Controladas junto à Polícia Federal, a fim de produzir provas sem qualquer contestação. E assim as malas viajam atualmente em tristes roteiros tenebrosos de um cinema-verdade!

Dilma Rousseff em seu mandato decadente de 2015, defendera com todas as unhas a questão da investigação de todos os casos e processos vigentes à época, num momento em que talvez não imaginava que isto poderia atingir o ex-presidente Lula, seu padrinho político. Eduardo Cunha testou a todo o país com sua audácia fingida e caráter duvidoso, desafiando as instituições e as mais rígidas regras que possam haver na Constituição, mas acabou nas mãos do Juiz Sergio Moro que o condenou, felizmente, finalmente. E todo o discurso de moralizar o país e permitir o acesso à Justiça por todos em defesa do direito ao contraditório, se voltou contra os próprios, e aos poucos culminou no descalabro a que assistimos hoje.

Mais um Impeachment? Cassação ou Absolvição? Chapa Cassada ou Chapa Mantida? Uma Modernização ou Uma Tradição de Comportamentos? Será que as malas podem se tornar containers, amanhã? A falsa moral é o que temos de base na política brasileira? Estamos à beira de um abismo, um encontro com os alicerces de uma possível Revolução? Quantos políticos e empresários ainda serão presos até que se desvende toda a sujeira que existe por debaixo dos panos? Quantos presidentes haverão de ser eleitos até que se tenha um que nos sirva de fato? E valerá mais um presidente experiente que trabalhe e se dirija a consertar um país, ou um presidente novo que seja ético e limpo, e que venha de uma nova casta? E por fim, um certo Renato Russo que nos pergunta desde muitos anos atrás… “Que país é esse?”!

Se o Brasil, que passa por uma verdadeira faxina há algum tempo, __ com um prólogo marcante chamado “O Mensalão” conduzido pelo Juiz Joaquim Barbosa __, não for definitivamente limpo nas suas instituições a partir desta feita, ele jamais será limpo um dia, com respeito aos seus comandantes, nas suas entranhas, sendo Brasília um cenário real de fundo hediondo por crimes do “Colarinho Branco” a ser desmontado, em especial quanto a sua cultura de manifestação apodrecida de uma Ética Sórdida e feita de malas, cuecas e encorpados paletós. Vamos viver a rotina do roubo disfarçado em entrega de malas até o final dos tempos, de todo o tempo existente que haja, até o seu último instante que dure, conforme profetizou que haverá de acabar no futuro, __ este nosso mundo __, o lendário médico e alquimista [2], Sir Michel de Nostredame, mais conhecido popularmente por Nostradamus, seu nome adotado em latim.

 

Nota do Autor:

1 – O Crime da mala > Wikipédia (A Enciclopédia Livre)

2 – Nostradamus > Wikipédia (A Enciclopédia Livre)

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