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'A bonitinha que fica ao seu lado'

Existe uma linha bastante tênue, entre o bom relacionamento e a intimidade. Você nunca pode confundi-la, tampouco se envaidecer ou tentar conseguir benefícios próprios ou coletivos achando que exista algo que realmente não existe.

03/07/2017 11:56

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'A bonitinha que fica ao seu lado'

O conto que trago hoje, retrata algo corriqueiro e que deve ser analisado com cautela para não acontecer situações desagradáveis, tais quais vivenciado no mesmo.

Um office-boy orgulhava-se de sempre ter a perspicácia de ter bom relacionamento onde ele ia, seja na conversa com um cliente, seja com o patrão, ou então em atendimento a repartições públicas, sejas elas na Receita Federal, Estadual ou Prefeitura Municipal.

Sempre educado e atencioso, procurava saber do que se tratava, tinha curiosidade e inteligência para entender e sabia explicar seja qual documento que tinha na mão, era um excelente profissional.

Acontece que existe uma linha bastante tênue, entre o bom relacionamento e a intimidade. Você nunca pode confundi-la, tampouco se envaidecer ou tentar conseguir benefícios próprios ou coletivos achando que exista algo que realmente não existe.

Certa vez, o office-boy foi encarregado de separar alguns documentos relacionados a baixa de uma empresa no âmbito estadual. Sempre que ele ia até a unidade da SEFAZ da sua cidade era a mesma coisa, tratava a todos com educação, fazia brincadeiras convenientes e cumprimentava a todos olhando nos olhos, mais é claro que tinha uma pessoa que ele tinha maior afinidade, logo nesse caso especifico ele não foi até a unidade, preferiu ligar e pediu para falar com essa pessoa com maior afinidade. No decorrer da conversa, perguntou com quem poderia tratar a documentação sobre a referida baixa, o atendente da unidade, falou que este assunto não era com ele e sim com a fulana. O office-boy tentando mostrar intimidade desnecessária solta a frase "A bonitinha que fica ao seu lado". Pronto, uma frase de menos de 02 segundos pode lhe comprometer, acabar com uma boa reputação que estava construindo. O atendente, não querendo sacanear, mais obviamente, sabendo o que tinha em mãos, nem coloca a mão ao telefone para tampar e fala para sua colega de trabalho que senta ao lado... "O office-boy do escritório tal, quer falar com a 'bonitinha que fica ao meu lado'". Do outro lado da linha o office-boy percebe a besteira que fez, mais agora não tinha mais volta. O atendente passou a ligação para a moça, a tal bonitinha, que para piorar a situação do office-boy devolve que tal informação ela só pode dar pessoalmente, com a vinda do mesmo até a unidade.

Existem vários erros nessa situação que poderiam ter diminuído o sofrimento do office-boy, o atendente poderia não ter reproduzido para sua colega de trabalho o que o office-boy tinha falado, a moça bonitinha não precisava pedir para ir até a unidade para passar tal informação e obviamente o office-boy deveria entender que uma pessoa que trabalha a anos com outra tem mais liberdade do que alguém que vai de vez em quando apertar a mão e ser educado, mais que claro, dando um teor de crueldade tudo foi pensado, executado a partir do maior erro: querer ter uma intimidade que não lhe pertence.

É importante ressaltar que precisamos sempre dos serviços de repartições públicas, de nossos clientes, até mesmo dos colegas de trabalho, mais precisamos separar a educação, a cordialidade da intimidade que não temos, que afinidade é diferente de intimidade, precisamos entender que boa vontade é diferente de fazer favor, que competência é diferente de jeitinho brasileiro, que obrigado é diferente de te pago uma depois. Somente quando entendermos o que somos, o que podemos e do que precisamos, não passaremos mais por situações embaraçosas que poderão comprometer nosso ambiente de trabalho, nossa carreira e até mesmo nossas vidas.

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