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DUE DILIGENCE

Due diligence e compliance: explorando os conceitos, relações e diferenças – Parte 1

Embora distintos em sua natureza e objetivos, a due diligence e o compliance se complementam para garantir que as empresas operem de forma ética, legal e em conformidade com as regulamentações aplicáveis.

10/07/2023 18:00

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Due diligence e compliance: explorando os conceitos, relações e diferenças – Parte 1

Due diligence e compliance: explorando os conceitos, relações e diferenças – Parte 1 Foto: zoe pappas/Pexels

Due Diligence e Compliance são termos comumente utilizados no mundo dos negócios e da governança corporativa para mitigar riscos, garantir a conformidade legal e promover práticas éticas nas organizações. Embora estejam relacionados, esses conceitos são distintos e têm objetivos diferentes.

Due Diligence

1.1 Definição de Due Diligence

Due Diligence é um processo de investigação e análise minuciosa realizado por uma empresa ou indivíduo antes de tomar uma decisão de investimento, fusão, aquisição ou qualquer tipo de transação comercial significativa. O objetivo é avaliar os aspectos legais, financeiros, operacionais e estratégicos de uma empresa, a fim de obter uma compreensão abrangente de seus negócios, riscos associados e potenciais benefícios.

1.2 Objetivos da Due Diligence

Os principais objetivos da Due Diligence incluem:

  • Identificar e avaliar riscos: A Due Diligence visa identificar e avaliar os riscos associados a uma transação comercial. Isso pode incluir riscos legais, financeiros, operacionais, ambientais, regulatórios e outros que possam afetar os resultados financeiros ou a reputação da empresa.
  • Verificar informações e declarações: A Due Diligence busca verificar a precisão e a validade das informações e declarações fornecidas pela empresa-alvo. Isso envolve a revisão de registros contábeis, contratos, acordos legais, propriedade intelectual, entre outros documentos relevantes.
  • Avaliar sinergias e oportunidades: Em casos de fusões e aquisições, a Due Diligence é usada para avaliar as sinergias potenciais entre as empresas envolvidas e identificar oportunidades de crescimento e melhoria operacional.
  • Estabelecer o valor justo: A Due Diligence ajuda a estabelecer o valor justo de uma empresa ou ativo, fornecendo informações e análises detalhadas sobre seu desempenho financeiro, ativos, passivos, fluxo de caixa e outros aspectos relevantes.

1.3 Processo de Due Diligence

O processo de Due Diligence geralmente envolve as seguintes etapas:

  • Planejamento: Define-se o escopo e os objetivos da Due Diligence, identificando as áreas-chave a serem investigadas e os recursos necessários para a realização do processo.
  • Coleta de informações: Realiza-se a coleta de documentos e informações relevantes, como registros financeiros, contratos, registros regulatórios, informações sobre clientes e fornecedores, entre outros.
  • Análise financeira: Avalia-se o desempenho financeiro da empresa, analisando os registros contábeis, demonstrações financeiras, fluxo de caixa, investimentos, dívidas e outros fatores financeiros relevantes.
  • Análise legal: Revisa-se os contratos, acordos legais, litígios pendentes, propriedade intelectual e outras questões legais que possam afetar a empresa.
  • Análise operacional: Avalia-se a estrutura organizacional, processos operacionais, cadeia de suprimentos, recursos humanos e outras áreas operacionais para identificar possíveis problemas e oportunidades de melhoria.
  • Avaliação de riscos: Identificam-se e avaliam-se os riscos potenciais associados à transação ou investimento, levando em consideração aspectos financeiros, legais, regulatórios e operacionais.
  • Relatório de Due Diligence: Elabora-se um relatório detalhado que resume as descobertas, análises e recomendações resultantes do processo de Due Diligence.

1.4 Aplicações da Due Diligence 

A Due Diligence é aplicada em diversas situações, incluindo:

  • Fusões e aquisições: Antes de adquirir uma empresa, é essencial realizar uma Due Diligence para avaliar sua viabilidade, riscos e sinergias potenciais.
  • Investimentos financeiros: Investidores realizam Due Diligence para analisar a saúde financeira de uma empresa antes de tomar decisões de investimento.
  • Parcerias comerciais: Ao estabelecer parcerias estratégicas, as partes envolvidas podem realizar Due Diligence para avaliar a compatibilidade e o potencial de colaboração.
  • Ofertas públicas iniciais (IPOs): Empresas que buscam abrir capital podem passar por um processo de Due Diligence para atender aos requisitos regulatórios e fornecer informações confiáveis aos investidores.
  • Transações imobiliárias: Antes de adquirir um imóvel, uma Due Diligence é conduzida para avaliar a propriedade, questões legais, ambientais e outros fatores relevantes.
  • Conformidade regulatória: Empresas podem realizar Due Diligence para garantir que estejam em conformidade com leis e regulamentos aplicáveis em seu setor de atuação.

Compliance

2.1 Definição de Compliance

Compliance é um termo amplamente utilizado no contexto empresarial e se refere ao cumprimento de leis, regulamentos, normas internas e boas práticas éticas por parte de uma organização. Envolve a implementação de políticas e procedimentos internos para garantir que todas as atividades da empresa estejam em conformidade com as exigências legais e regulatórias aplicáveis ao seu setor de atuação.

2.2 Objetivos do Compliance

Os objetivos do Compliance são:

  • Garantir o cumprimento das leis e regulamentos: O objetivo principal é assegurar que a empresa esteja em conformidade com as leis e regulamentos que regem suas operações. Isso inclui leis relacionadas a aspectos financeiros, trabalhistas, ambientais, de segurança, privacidade de dados, entre outros.
  • Prevenir condutas ilegais e antiéticas: O Compliance busca evitar práticas ilegais, como corrupção, lavagem de dinheiro, suborno, fraudes e qualquer outro comportamento antiético que possa prejudicar a reputação da empresa.
  • Promover a cultura ética: Um programa de Compliance visa criar uma cultura organizacional baseada em valores éticos, transparência, honestidade e responsabilidade. Isso envolve a disseminação de políticas, treinamentos e ações que promovam a integridade em todos os níveis da organização.
  • Gerenciar riscos: O Compliance busca identificar, avaliar e mitigar os riscos legais e regulatórios aos quais a empresa está exposta. Isso envolve a implementação de controles internos e a adoção de medidas preventivas para evitar violações e infrações.

2.3 Elementos do Programa de Compliance

Um programa de Compliance efetivo deve abranger os seguintes elementos:

  • Comprometimento da alta administração: A liderança da empresa deve demonstrar comprometimento com a conformidade, estabelecendo uma cultura ética e fornecendo recursos adequados para o programa de Compliance.
  • Políticas e procedimentos: A empresa deve estabelecer políticas claras e procedimentos internos que definam as regras e diretrizes para o cumprimento das leis e regulamentos. Essas políticas devem ser comunicadas a todos os colaboradores e partes interessadas relevantes.
  • Treinamento e conscientização: É essencial fornecer treinamento regular e conscientização sobre as políticas de Compliance e as responsabilidades de cada indivíduo dentro da organização. Isso ajuda a garantir que todos entendam suas obrigações legais e éticas.
  • Monitoramento e controle: O programa de Compliance deve incluir mecanismos de monitoramento e controle para identificar possíveis violações. Isso pode envolver a implementação de auditorias internas, revisões periódicas e a criação de canais de denúncia para relatar preocupações ou irregularidades.
  • Resposta e remediação: Caso ocorra uma violação ou irregularidade, a empresa deve ter um processo estabelecido para investigar e lidar com o problema de forma adequada. Isso pode incluir a implementação de medidas corretivas, disciplinares ou até mesmo ações legais, conforme necessário.

2.4 Aplicações do Compliance

O Compliance pode ser aplicado em diversos setores e áreas dentro de uma organização. Alguns exemplos comuns de aplicações de Compliance incluem:

  • Compliance financeiro: Envolve o cumprimento de leis e regulamentos relacionados a contabilidade, relatórios financeiros, prevenção à lavagem de dinheiro, transparência nas transações comerciais, entre outros.
  • Compliance trabalhista: Refere-se ao cumprimento das leis trabalhistas, como normas de saúde e segurança ocupacional, direitos trabalhistas, igualdade de oportunidades, prevenção de assédio e discriminação no ambiente de trabalho.
  • Compliance ambiental: Envolve o cumprimento de leis e regulamentos ambientais, visando a proteção do meio ambiente, o gerenciamento adequado de resíduos, a redução de emissões poluentes e a adoção de práticas sustentáveis.
  • Compliance de privacidade de dados: Relacionado à conformidade com as leis de proteção de dados e privacidade, como  Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) .
  • Compliance regulatório específico da indústria: Algumas indústrias possuem regulamentações específicas que devem ser cumpridas, como a indústria farmacêutica, de alimentos e bebidas, de energia, de telecomunicações, entre outras.

Essas são apenas algumas das aplicações do Compliance, e a necessidade específica de um programa de Compliance pode variar de acordo com o setor e as atividades da empresa. É fundamental que as organizações avaliem e identifiquem as áreas relevantes para a conformidade em seu contexto específico.

Na parte 2, estarei abordando as Relações e Diferenças entre a Due Diligence e Compliance. Até breve!

Por Alessandra de Souza Ferreira – Bacharel em Ciências Contábeis e Técnica em Segurança do Trabalho.

 

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