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ARTIGO DE ECONOMIA

O que acontece com a economia chinesa?

Neste artigo, especialista comenta sobre a economia da China, além de trazer estatísticas da deflação no país.

21/07/2023 13:30

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O que acontece com a economia chinesa?

O que acontece com a economia chinesa?

Novos dados divulgados mostram um contínuo enfraquecimento econômico da China. O resultado do índice de preços ao produtor, que aponta deflação de 5,4% e queda na margem, em junho, de 0,8% revela preocupação com a saúde do gigante asiático. Para se ter uma ideia, só os preços de óleo e gás caíram mais de 20% no último ano. 

Embora, a princípio, esse número pareça mostrar um alívio de custos às empresas daquele país, por outro lado, evidencia um cenário altamente desaquecido e sem forças para se reerguer na proporção que o mundo esperava, após a extinção do “covid zero”.

Os preços ao consumidor confirmam essa tese: no mês passado, houve queda de 0,2% em relação a maio, revelando estabilidade no índice anual. Os preços dos alimentos subiram 2,3%, enquanto o restante caiu 0,6%, em especial os bens duráveis. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) também decepcionam. O avanço anual de 6,3% desanima porque é medido em cima de uma base muito fraca, da época em que se vigoravam as restrições da pandemia. Na margem, o crescimento foi de apenas 0,8%.

Essa desaceleração tem dois componentes: um conjuntural e um estrutural. O primeiro indica um mundo menos aquecido que, antes, estava mantendo a produção daquele país. Algumas nações que importam muito da China, principalmente da Europa, estão mostrando atividades bem menos expansivas e alta nos juros, impactando o país asiático. Já o segundo componente é o mais preocupante: a crise no setor imobiliário, que sofreu um baque com a mudança de rumo do governo chinês, antes apoiado pelo segmento e por projetos de infraestrutura. 

Assim, diante de tantos investimentos na área, não há mais demanda suficiente, causando queda de preços. O grande problema de tudo isso é que muitos cidadãos chineses têm poupança em habitações ou em ações relacionadas ao setor. E para piorar ainda mais a situação, os governos locais também dependem de receitas ligadas a esse mercado, ficando sem recursos para investir. Dessa forma, a soma desses dois fatores deprime varejo e serviços, muito atrelados aos sentimentos do consumidor.

A grande questão é a perspectiva. Com o intuito de mudar o eixo de crescimento da economia chinesa, o governo não deve incluir o setor imobiliário no rol de grandes investimentos ou pacotes. 

Agora, o plano de longo prazo é aplicação em tecnologia, principalmente semicondutores, ou no consumo das famílias. A China não é conhecida por sacrificar os planos de longo prazo para salvar a economia em pouco tempo. O mercado, por sua vez, deixa claro que a única alternativa seria um pacote robusto para o setor de imóveis, e esse dilema parece complicar o panorama do país.

Em suma, a economia chinesa não vê perspectivas nem no setor externo, nem no consumo interno. Além disso, as políticas de baixa de juros e a liberação de compulsório do governo já se mostraram ineficientes e inúteis, ao passo que a política fiscal tampouco parece satisfazer a fome por recursos no segmento imobiliário. Os próximos meses serão difíceis para a China.

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