Passados alguns meses do início da pandemia, podemos observar a triste situação em que uma massa de brasileiros se encontram. Não bastasse o sofrimento de perdas de amigos e familiares, muitos ainda precisam lidar com o desemprego, o fechamento de seus negócios e a dependência do governo, para suprir necessidades básicas.
São milhares de trabalhadores necessitando do auxílio emergencial e milhares de empregadores necessitando das linhas de credito governamentais.
Praticamente não existem vencedores ou perdedores. Patrões e empregados, cada um dentro de suas necessidades, dependendo de ajuda para sobreviverem.
Diariamente ouvimos nos veículos de comunicação, que a crise sanitária sem precedentes, foi a grande causadora da situação econômica que estamos vivendo.
Mas será que realmente é assim? Será que a pandemia é a única causadora de todos os problemas financeiros vividos atualmente por empregados e patrões? Não existiriam outras causas, além da pandemia?
Para mim, a pandemia não causou o abalo financeiro, ela apenas mostrou o despreparo das pessoas para enfrentar situações emergenciais.
Como estava a vida financeira dessas pessoas e empresas em janeiro de 2020?
Todos os negócios iam bem? Todas as pessoas estavam empregadas? Todos estavam com suas dívidas controladas?
É bem provável que não!
Zelo com as finanças, é um cuidado que poucos costumam ter. A cultura do “vamos viver o hoje”, infelizmente prevalece entre integrantes das classes médias e baixas da sociedade.
Quem ganha dez mil reais, costuma ostentar um padrão de vida equivalente a dez mil, podendo até ultrapassar esse valor. Praticamente vive de mês em mês, poupando pouco ou quase nada. São pessoas que se recusam a viver um “degrau abaixo” de suas rendas mensais, alegando que o custo de vida é demasiado caro e por isso, mesmo possuindo salários mais altos que a média dos brasileiros, não conseguem poupar.
Quem ganha dois mil reais, também costuma ter um padrão de vida equivalente a esse valor, alegando que o baixo rendimento não permite nenhum tipo de poupança. Muitos simplesmente se acomodam com sua situação, sem tentar muda-la, fazendo por exemplo algum tipo de renda extra.
Independente das muitas explicações dadas por quem chegou ao início de 2020, sem nenhuma reserva para sobreviver financeiramente, o fato é que as crises sanitária e financeira chegaram. A crise sanitária é a mesma para todos, mas a crise financeira é diferente para quem tinha ou não uma reserva.
O sofrimento dos que perderam entes queridos é o mesmo em todas as classes sociais, mas com certeza, é mais agravado entre os que não tem condições de se sustentar ou mesmo oferecer um tratamento digno para seus doentes.
Mas não podemos chorar o leite derramado. Agora é encarar a situação e trabalhar para muda-la daqui para a frente.
E se existe uma lição a aprender nesse momento, que essa lição seja a de “viver um degrau abaixo” e procurar formas de obter renda extra, para que ninguém nunca mais tenha que sofrer por dinheiro, num momento em que o sofrimento deveria ser apenas pelos que se foram ou estão doentes.