Nesta semana, a China divulgou dados importantes sobre o seu desempenho econômico no ano passado, destacando-se o Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 5,2% e atingiu a meta estabelecida pelo governo central.
Além desse indicador positivo, outros números animaram o mercado, como o aumento expressivo de 7,4% nas vendas do varejo em dezembro de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior, superando a previsão de 6,5%. Da mesma forma, a produção industrial registrou um crescimento de 6,8%, superando a expectativa de 6,5% projetada pelos analistas.
Em contrapartida, um ponto merece atenção: a redução da população do gigante asiático em 2,1 milhões de pessoas ao longo do ano, totalizando 1,409 bilhão de habitantes. Essa queda adiciona preocupação à inversão populacional daquele país, indicando um esgotamento do bônus demográfico, caracterizado pelo elevado percentual de jovens.
Apesar dos números animadores, a perspectiva para a economia chinesa está longe de ser otimista. Atingir a meta do PIB tem sido possível, em grande parte, graças às substanciais ajudas fiscais implementadas pelo governo, evidenciando a fragilidade do sistema econômico. O setor imobiliário, que representa quase 30% do PIB, enfrenta desafios significativos, com empresas em situação delicada e preços em declínio mesmo com as intervenções estatais.
O governo chinês, almejando substituir esse mercado como motor da economia, impõe restrições aos investimentos no exterior e limita o acesso à Bolsa de Valores, buscando incentivar o gasto familiar. Entretanto, essa estratégia pode ter repercussões negativas no futuro, comprometendo o acesso das empresas, especialmente as de tecnologia, a fontes de financiamento.
Outro ponto crítico reside nas elevadas dívidas ocultas dos governos locais, essenciais para sustentar esse financiamento, especialmente para as pequenas e médias empresas. Essas dívidas, conhecidas como Local Government Funds Vehicle (LGFV), são contraídas por meio de companhias privadas criadas pelos próprios governos para custear obras ou incentivos, “escapando” da contabilização nos balanços públicos.
Estima-se que essas despesas superem as oficiais, sinalizando a necessidade iminente de restrição de crédito — o que se apresenta como um desafio considerável para um governo que busca manter o desenvolvimento e, simultaneamente, preservar o apoio da população.
Portanto, mesmo diante de índices positivos, persiste a aflição quanto ao futuro do país. Desajustes estruturais, acentuada intervenção estatal nos setores produtivos, declínio do bônus demográfico e crescentes pressões políticas são elementos potencialmente explosivos para a economia chinesa a longo prazo.