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ARTIGO DE ECONOMIA

BC anuncia queda da Selic, reduzindo juros da economia de 11,75% para 11,25%.

Neste artigo, o especialista comenta sobre a inflação e o cenário fiscal brasileiro.

02/02/2024 13:30

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Inflação cede terreno para queda de juros, mas cenário fiscal gera apreensões

BC anuncia queda da Selic, reduzindo juros da economia de 11,75% para 11,25%.

O Banco Central (Bacen), em linha com sua estratégia de previsibilidade, anunciou queda da taxa Selic, reduzindo os juros básicos da economia de 11,75% para 11,25%, um movimento amplamente antecipado pelo mercado. Essa medida reforça o compromisso da autoridade monetária de lidar com a dinâmica inflacionária, postura altamente valorizada. 

Apesar do recente susto proporcionado pelos números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o IPCA-15 de janeiro trouxe certo alívio, abrindo espaço para novas reduções. A taxa de juros, embora elevada em termos reais (aproximadamente 8%), permanece influenciada pela expectativa de inflação para o ano, projetada em 3,81%, conforme o boletim Focus, do Bacen. 

Contudo, mesmo com uma pressão inflacionária menos intensa, a análise detalhada revela preocupações latentes. O indicador de serviços, por exemplo, apontou aumento de 0,65% no período, servindo como um importante referencial para a inflação de demanda — uma vez que é frequentemente citado pelo Copom nas suas deliberações. 

Os recentes planos do governo para os setores industriais também geraram inquietação nos mercados, aumentando o temor de um possível descontrole fiscal, o que poderia impactar a inflação. É muito importante que a adoção de uma política fiscal responsável e sustentável seja assegurada. A criação de um espaço para a redução de juros, sob um regime restrito, servirá de base para um crescimento equilibrado da economia. 

Outro ponto de apreensão é o déficit fiscal anunciado pelo Tesouro Nacional para 2023, do governo central: R$ 230,5 bilhões, equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse número reforça a preocupação quanto à possível renúncia à meta de déficit zero, estabelecida pelo ministro Fernando Haddad para este ano. No entanto, a meta será calculada com base nos dados do Bacen (com metodologia ligeiramente distinta) a serem divulgados em fevereiro.

A despeito de alguns sobressaltos, a conjuntura internacional parece favorável. A China continua enfrentando limitações decorrentes de questões internas, evidenciadas pela falência da gigante do setor imobiliário Evergrande, refletindo a dificuldade do país de encontrar um novo rumo econômico, mesmo com os constantes estímulos governamentais. Restrições à confiança do consumidor e a investimentos estrangeiros limitam muito o potencial de crescimento. 

Notícias positivas também vêm dos Estados Unidos. O debate entre os agentes econômicos sobre quando o Federal Reserve (FED) iniciará a redução das taxas de juros traz perspectivas animadoras. Isso pode limitar a alta das commodities, estabilizar o câmbio e reduzir a pressão sobre o Copom. E essa possível redução dos juros norte-americanos já levanta apostas de um aumento no ritmo das quedas do Bacen, que sinaliza a manutenção do corte em 0,5 ponto porcentual (p.p.), mostrando-se uma abordagem prudente para o momento.

Dessa forma, é apropriado manter a tendência de redução contínua dos juros, mas com vigilância constante, visando evitar a necessidade de encerrar o ciclo de queda de forma abrupta. Para alcançar esse objetivo, será necessário que o Bacen conte com o apoio de uma política fiscal coerente.

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