Os últimos dados norte-americanos do mercado de trabalho e da inflação surpreenderam o mundo mais uma vez, evidenciando a resiliência da economia do país em contraste com a desaceleração observada em outras nações desenvolvidas.
Preços ao consumidor e ao produtor acima do esperado, especialmente no núcleo, indicam o aquecimento da demanda, impulsionada por itens como como aluguel e serviços, atrelados à força do mercado laboral. Apesar dessa alta, os salários reais continuam aumentando, e a criação de novos empregos bate recordes.
Em contraste, a economia japonesa encolheu em 2023, perdendo o posto de terceira maior economia do mundo para a Alemanha. O Reino Unido, por sua vez, entrou em recessão técnica, com queda no consumo mesmo frente à expansão do salário real. Diferenças marcantes nos padrões de crescimento chamam a atenção, considerando o potencial de crescimento menor na Europa e no Japão em comparação com os Estados Unidos.
A economia britânica, em particular, foi mais impactada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Essa adaptabilidade dos mercados de trabalho e do consumo estadunidenses à subida dos juros intriga os economistas, uma vez que a taxa, que já ultrapassou 5% ao ano (a.a.), parece não ter efeito real na economia (aquecida), adiando possíveis quedas para o fim do primeiro ou do segundo semestre.
A China, por outro lado, apresenta um crescimento menor em termos percentuais, com políticas monetárias ineficazes, falta de locomotiva para o crescimento e problemas na alavancada econômica. Essa desaceleração leva investidores a buscar outros destinos para os investimentos, o que beneficia os Estados Unidos na busca por substituir o gigante asiático na cadeia mundial de produção.
Toda essa resistência, porém, traz desafios para o Federal Reserve (FED). O “pouso suave” previsto, diante da economia se ajustando automaticamente, parece cada vez mais distante. Esse aquecimento pode exigir uma postura mais dura do FED, com risco de exportar recessão para o restante do mundo. O abismo crescente entre o crescimento dos países desenvolvidos levanta questões para o futuro, exigindo atenção dos economistas.