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ARTIGO DE ECONOMIA

Pânico nos mercados foi apenas um susto, por enquanto

Neste artigo, o especialista comenta sobre a queda na Bolsa de Valores do Japão e a alta de juros pelo banco central do país.

08/08/2024 13:30

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Pânico nos mercados foi apenas um susto

Pânico nos mercados foi apenas um susto, por enquanto

No fim da última segunda-feira (5), a Bolsa de Valores do Japão (BOJ) surpreendeu o mundo ao registrar queda de mais de 12% em um único dia, provocando uma disparada do dólar em escala global. Após a inédita alta de juros pelo banco central do País, os agentes econômicos correram para o dólar, temendo uma recessão mundial.

O adiamento constante da queda de juros pelo FED (banco central norte-americano), somado ao aumento das taxas em alguns mercados, levantou dúvidas sobre o início de uma crise geral. Essa situação levou investidores a vender ações em bloco em várias bolsas, especulando se o FED teria perdido irreversivelmente o timing para reduzir os juros. 

Dois dados do país piores que o esperado também contribuíram para a piora das expectativas: a criação de apenas 114 mil novos postos de trabalho, abaixo da previsão de 175 mil, e a alta de 4,3% no desemprego.

Mas, afinal, há motivo para tanto pânico? 

A resposta é não. Ao menos se levarmos em conta as informações disponíveis. Embora grandes recessões, geralmente, surjam de surpresa, nada indica que estejamos à beira de um colapso. 

Sinal disso é que, no dia seguinte, os mercados asiáticos se recuperaram, com a BOJ subindo mais de 10% e o dólar se ajustando nos mercados internacionais. Alguns bons dados do ISM de serviços (que reflete a saúde do setor nos Estados Unidos) foram suficientes para acalmar os mercados.

Esse episódio, entretanto, pode deixar cicatrizes. O mundo ainda lida com um excesso de liquidez resultante de muito auxílio financeiro desde o estouro da bolha imobiliária norte-americana, em 2008. Em algum momento, será necessário drenar esse excesso, mas esse dia ainda não chegou. 

No curto prazo, é possível que essas quedas levem o FED a reduzir as taxas já em setembro, ao contrário das previsões anteriores de uma contenção em dezembro ou na primeira reunião do próximo ano. De qualquer forma, muitas informações ainda serão divulgadas até lá, o que pode trazer certas incertezas a uma autoridade baseada em dados como o banco central daquele país.

Por aqui, apesar da ata mais conservadora, o Banco Central (Bacen) sofrerá menos pressão para um potencial aumento dos juros nos próximos meses, já que taxas mais baixas nos Estados Unidos tendem a reduzir a desvalorização do câmbio no Brasil. Para um novo processo de flexibilização monetária, basta que o governo se comprometa com um ajuste fiscal claro nas declarações das autoridades.

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