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ARTIGO DE ECONOMIA

Por que tanta espera global pela decisão do FED?

Neste artigo, o especialista comenta a respeito da decisão do FED e a conjuntura atual dos juros.

22/08/2024 13:30

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Por que tanta espera global pela decisão do FED?

Por que tanta espera global pela decisão do FED?

O mundo todo está atento à decisão mais aguardada da economia nos últimos tempos: a definição do Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, sobre as taxas de juros, prevista para ocorrer durante a reunião a ser realizada no dia 18 de setembro. 

Como o dólar é a principal moeda de referência mundial, pode ser facilmente trocado por outras em praticamente todos os países. Por isso, a deliberação do FED não apenas afeta os Estados Unidos, como também reverbera em nível internacional. Quando o banco central de lá emite dólares, a moeda se espalha globalmente, impactando economias além das fronteiras estadunidenses. Essa disseminação global do dólar faz com que este seja “encaixado” por quase todos os países.

Esse fenômeno influencia diretamente as taxas de câmbio das moedas estrangeiras, que geralmente têm o dólar como referência. Uma elevação nas taxas de juros dos Estados Unidos faz com que os investidores, que veem a economia de lá como a mais segura do mundo, retirem dólares de outras regiões para investi-los em títulos do governo americano, considerados uma renda fixa mais segura. Esse movimento geralmente resulta na desvalorização das moedas, especialmente em países emergentes.

Assim, o decremento cambial encarece os preços dos produtos importados, ao mesmo tempo que aumenta a competitividade dos itens nacionais, impactando a inflação. Dessa forma, altas nas taxas norte-americanas reduzem o diferencial entre os juros dos países emergentes e os dos Estados Unidos, o que pode aumentar a pressão inflacionária nesses locais e levar os seus respectivos bancos centrais a elevar as taxas internas. 

A conjuntura atual aponta para uma possível redução dos juros norte-americanos já na próxima reunião, momento pelo qual o mundo aguarda ansiosamente, porque juros menores no país — mantidas constantes todas as outras condições — tendem a valorizar as moedas das nações emergentes, aliviando essa pressão inflacionária, principalmente nos setores de bens comercializáveis (tradeables), que podem ser vendidos de um país para outro com relativa facilidade.

O Brasil, em particular, lida de forma apreensiva com essa reunião. Diante de dados indicando uma demanda interna superaquecida e baixos níveis de investimentos, há pressão para que o Banco Central (Bacen) inicie um ciclo de alta dos juros. Coagido por uma política fiscal expansionista, o órgão estará ainda mais sob escrutínio caso não ocorra uma flexibilização da política monetária ianque. Ainda que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) esteja marcada para o mesmo dia do encontro do FED, o parecer deste último será divulgado primeiro, o que deve influenciar as decisões em terras brasileiras.

Caso a taxa norte-americana sofra queda, mesmo com o Bacen sob pressão, a demanda do mercado por um ciclo maior de alta da Selic pode diminuir, pelo menos em parte. No entanto, se essa redução não vier, nossa autoridade monetária terá de adotar uma postura ainda mais austera.

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