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ARTIGO DE ECONOMIA

Primeira infância, o mais importante programa social

Neste artigo, o especialista comenta sobre a importância de um programa social de primeira infância.

17/10/2024 13:30

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Primeira infância, o mais importante programa social

Primeira infância, o mais importante programa social

Em uma entrevista para um programa de finanças, fui questionado sobre minha primeira medida caso fosse eleito presidente. Contrariando expectativas de respostas sobre política monetária ou fiscal, afirmei prontamente: implementar um abrangente programa para a primeira infância, com acompanhamento desde a gestação até os seis anos de idade — período marcado por evoluções fundamentais nos desenvolvimentos cognitivo, motor, social e emocional. 

Nessa fase, o cérebro infantil experimenta um crescimento acelerado, formando até um milhão de novas conexões neurais por segundo nos primeiros mil dias após a concepção. 

Por isso, essa etapa é determinante para a formação das capacidades intelectuais, sociais e emocionais que acompanharão o indivíduo por toda a vida. A ausência de estímulos adequados pode comprometer substancialmente os desenvolvimentos cerebral e emocional, com impactos duradouros à vida adulta e à futura produtividade.

James Heckman, economista laureado com o Prêmio Nobel, destaca-se como pioneiro nos estudos sobre a relevância desse investimento social. Suas pesquisas revelam como o aporte de recursos nos anos iniciais da infância pode gerar retornos expressivos, beneficiando tanto os indivíduos quanto a sociedade.

O aspecto central das análises de Heckman é o retorno econômico dos investimentos nessa fase da vida. Os cálculos do economista indicam que cada dólar aplicado em programas de qualidade para crianças pequenas pode render até 13% ao ano. Esse retorno se materializa na redução de gastos com educação especial, saúde, assistência social e sistema judicial, além do incremento na produtividade e nos rendimentos futuros. 

Um programa eficaz deve abranger desde a educação pré-natal e o apoio familiar — com visitas domiciliares de profissionais de saúde e assistência social — até a implementação de creches, pré-escolas e centros especializados. Essas iniciativas visam garantir cuidados pré-natais adequados e conscientização acerca da importância do desenvolvimento infantil.

Existem modelos internacionais bem-sucedidos que podem nos inspirar. O programa Abecedarian, nos Estados Unidos, iniciado na década de 1970 e estudado por Heckman; o Perry Preschool Program, lançado em Michigan nos anos 1960 para crianças afro-americanas; e o Sure Start, um projeto britânico de 1998 voltado a famílias em áreas carentes, são exemplos notáveis.

O desenvolvimento do Brasil está intrinsecamente ligado à adoção de um programa dessa natureza. Ainda que a educação básica seja fundamental, o seu sucesso depende de receber crianças bem preparadas desde os primeiros anos de vida. É preciso que o País se mobilize urgentemente nessa direção, com o objetivo de construir uma sociedade mais justa e próspera.

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