x

Sistema tributário

O Rei Leão incompetente

Esse texto apresenta uma alegoria ao sistema tributário, utilizando o filme "O Rei Leão" como cenário para comentarmos sobre a voracidade com o qual o Estado brasileiro tributa as empresas e a ineficiência com a qual administra esses recursos.

09/02/2022 17:30

  • compartilhe no facebook
  • compartilhe no twitter
  • compartilhe no linkedin
  • compartilhe no whatsapp
O Rei Leão incompetente

O Rei Leão incompetente MaxPixel

Quando criança, "O Rei Leão" era um dos meus desenhos favoritos, chegando a desgastar a fita de VHS de tanto que eu assistia. Hoje, relembrando a história, percebo que ela não só entretém o público infantil como também apresenta uma série de nuances que só fui perceber anos depois.

Na animação, o leão Mufasa era o governante daquela região da savana africana e, durante o seu reinado, governava de forma consciente, sabendo que cada ser vivo que fazia parte daquele ecossistema tinha a sua função para manter o ciclo da vida funcionando.

Se os leões cassassem demais os antílopes, por exemplo, eles iriam desaparecer e não haveria mais comida. Assim, os predadores eram orientados a consumir de forma consciente e responsável.

No entanto, Mufasa tinha um irmão caçula perverso chamado Scar, o qual queria a todo custo assumir o trono. Buscando saciar a sua sede de poder, Scar assassina Mufasa e, após um Golpe de Estado, assume o controle das terras do reino.

Porém, diga-se de passagem, como muitos políticos da vida real, Scar não se preparou para ser de fato um governante, ele só queria o poder a todo o custo. O leão era incompetente para reinar de forma equilibrada como o seu irmão havia feito.

Em poucos anos, o novo monarca consegue devastar um terreno antes rico e próspero. Embora a obra ficcional não entre em detalhes no mérito de como isso aconteceu, percebe-se que o principal erro de Scar foi o "overhunting", ou seja, a caça exagerada.

Obviamente, Mufasa sabia que era preciso caçar para se alimentar, mas ele tinha conhecimento e respeito pelo ciclo da vida. Caçava apenas o suficiente para manter o sistema funcionando, fazendo com o que leões tivessem o seu alimento garantido, mas sem colocar as outras espécies em risco.

O seu maléfico irmão Scar, por outro lado, caçava exageradamente, sem dar espaço para que as proles dos outros animais pudessem se desenvolver.

Isso aconteceu principalmente porque Scar trouxe para as terras do reino as corruptas e maliciosas hienas, que desperdiçavam e desviavam alimento. Para saciar a fome das hienas, Scar precisou caçar cada vez mais, quebrando o ciclo da vida.

Na vida real

Algo semelhante acontece com o governo brasileiro e o seu sistema tributário. A voracidade do fisco é tão grande que, por muitas vezes, não permite que a economia se desenvolva, matando os pequenos negócios antes mesmo de ficarem grandes o suficiente para gerar emprego e contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

Durante a pandemia, isso ficou ainda mais evidente. Muitos empresários tiveram que fechar as portas por meses, vários outros quebraram definitivamente, mas os políticos jamais reduziram os seus privilégios. Como as hienas do filme da Disney, eles não se sentem saciados nunca, nem mesmo se precisarem colocar em risco todo o ecossistema com a sua caçada desenfreada. Para o Estado, o dinheiro parece ser infinito.

É claro que os tributos são necessários para manter o sistema público funcionando. Sem o dinheiro dos contribuintes seria impossível termos justiça, saúde, educação e segurança.

Não é à toa que a Receita Federal é representada por um Leão. Infelizmente, esse Leão do Fisco brasileiro não é inteligente e consciente como Mufasa, mas sim visceral e incompetente como Scar, agindo como um rei da floresta que acaba com todos os animais que achar necessário se for para fazer suas hienas felizes.

Esperemos que, como no filme infantil, dias melhores venham e, com uma reforma tributária de verdade, tenhamos no futuro um "Rei Leão" mais responsável.

Leia mais sobre

O artigo enviado pelo autor, devidamente assinado, não reflete, necessariamente, a opinião institucional do Portal Contábeis.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ARTICULISTAS CONTÁBEIS

VER TODOS

O Portal Contábeis se isenta de quaisquer responsabilidades civis sobre eventuais discussões dos usuários ou visitantes deste site, nos termos da lei no 5.250/67 e artigos 927 e 931 ambos do novo código civil brasileiro.