Os mundos imaginários dos filmes de ficção científica estão cada dia mais se tornando realidade e prova disso é o advento do Metaverso. Vale, porém, destacar a base de tudo isso que são os Gêmeos Digitais (Digital Twins), um conceito que foi copiado da engenharia industrial e há indicações de que tenha sido apresentado ao mundo pela NASA, numa época em que ainda não existia a conexão da Internet das Coisas (IoT).
Trata-se de um mercado estimado a atingir US$ 48 bilhões em 2026, que o Gartner define como um padrão de desenho de software que representa um objeto físico cuja finalidade é compreender o estado do ativo, responder oportunamente às mudanças, melhorar as operações comerciais e agregar valor, ou seja, materializar a união entre o mundo físico e o virtual.
Apesar do conceito dos “Gêmeos Digitais” estar presente no mercado desde 2002, foi graças à evolução da IoT, impulsionada pelas características de alta velocidade de conectividade e baixa latência da tecnologia 5G, que sua implementação se tornou mais viável.
Segundo dados de uma pesquisa da consultoria Gartner, dos 599 respondentes em seis países, 13% das organizações que já implementam projetos de IoT já utilizam Gêmeos Digitais e 62% encontram-se no processo de estabelecer seu uso em curto prazo.
No cenário atual de digitalização acelerada, sua adoção se tornou tão vital para os negócios, que foi apontado pelo Gartner como uma das dez tendências tecnológicas mais relevantes e estratégicas para a década.
Gêmeos Digitais no combate a crimes cibernéticos
As aplicações dos Gêmeos Digitais para replicar processos, fazer simulações para testar interações em ambientes virtuais e reais são inimagináveis.
Destacamos sua utilização na área de arquiteturas de rede de TI e principalmente na indústria 4.0 para mitigar ataques cibernéticos. A digitalização das empresas e a descentralização do trabalho, impulsionada pela crise sanitária, para preservar os negócios e a competitividade abriram grandes brechas nas redes para a ação de facções organizadas e sofisticadas de criminosos cibernéticos que têm resultado em golpes de alto alcance e prejuízos vultosos ao mercado e que se intensificaram nos últimos três anos.
Além da mudança nos perfis das redes que se tornaram maiores, extremamente mais complexas, na nuvem e com interoperabilidade enorme entre os componentes, existem ainda em operação os sistemas legados antigos e não atualizados, como por exemplo, os das empresas de Utilities, que são vulneráveis a ataques básicos, mas capazes de paralisar setores vitais da economia.
Diante desse cenário, torna-se prioridade o investimento em segurança cibernética, e a opção pela utilização de Gêmeos Digitais que permitem que uma simulação virtual de um ataque cibernético seja feita antes que uma solução seja adotada nos ambientes reais, para dessa forma aumentar o controle e proteção dos sistemas.
Fortalecidos pela junção de tecnologias habilitadoras como Big Data, IA e IoT e estratégicas e recursos tradicionais de mitigação de golpes internos e externos, será possível reduzir os riscos de golpes desferidos contra as redes e data centers, garantindo seu funcionamento efetivo com melhor desempenho e menos manutenção, fatores que se refletem positivamente nos custos de operação e na alta confiabilidade.
O que o futuro nos reserva
Especialistas da área afirmam que o próximo passo será criar Gêmeos Digitais para pessoas, que inclusive farão negócios no Metaverso. O aumento da presença da realidade virtual e da realidade aumentada deverá agilizar esse processo, que segundo dados do IDC, estima-se que as vendas mundiais de headsets de realidade virtual (VR) aumentem de cerca de 7 milhões em 2021 para mais de 28 milhões em 2025. Bem-vindos ao mundo ciberfísico!
Autor: Gulherme Lonardoni, Cyber Security Sales Enginner no Grupo Binário