Dois portos do Espírito Santo foram privatizados em leilão ocorrido na semana passada. O fundo Shelf 119 venceu o leilão da Codesa, com oferta de R$ 106 milhões, assumindo a concessão dos portos de Vitória e Barra do Riacho.
Vale lembrar que o valor se refere apenas à outorga, já que são previstos investimentos totais de R$ 850 milhões, dos quais R$ 350 milhões serão destinados apenas a ampliar os portos.
Haverá também uma outorga anual de R$ 25 milhões e mais 7,5% da receia do fundo no porto, além de R$ 3 milhões para a supervisão da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
O valor total dos investimentos pode chegar a R$ 1,3 bilhão.
O Porto de Vitória tem localização favorável, com acessos rodoviário e ferroviário.
Após a concessão, a ideia é dobrar a movimentação de cargas, de 7 milhões para 14 milhões de toneladas durante a concessão.
O Porto de Barra do Riacho é especializado em celulose e tem movimentação atual de 8 milhões de toneladas por ano, com um potencial gigante de exploração de novas áreas.
A concessão vem em boa hora, com o preço dos combustíveis subindo e a demanda por fretes aumentando na mesma proporção.
Neste contexto, é importante que os portos ganhem competitividade para tentar amenizar os efeitos dos valores dos fretes sobre o produto.
O governo federal há tempos não tem caixa para investir no setor; e a concessão, muito além do caixa, pode gerar novos investimentos para aumentar a produtividade e a eficiência dos portos nacionais.
Com o aumento dos investimentos, não serão apenas os custos dos fretes que irão melhorar.
O aumento da produtividade e a expansão dos portos podem gerar, juntos, até 110 mil novos empregos, apenas no Terminal de Vila Velha (TVV), segundo o prefeito da região.
Os trabalhos de expansão vão demandar mais mão de obra, tanto no ato da ampliação como, depois, para a manutenção do novo terminal.
Ainda mais importante que a concessão, o mercado enxergava este leilão como uma prévia do que poderá acontecer na privatização do Porto de Santos.
O governo federal, animado com o êxito da privatização, já pensa em fazer o mesmo com o porto paulista ainda neste ano, em novembro, segundo o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
É um cronograma arriscado e ainda pouco provável, considerando que estaremos no meio das eleições.
De qualquer forma, é inegável que o sucesso na concessão da Codesa anime os investidores e o mercado, para que os processos sejam racionalizados até o leilão.
A atenção dada ao Porto de Santos vem de seu gigantismo. O complexo portuário é responsável por movimentar mais de 150 milhões de toneladas de cargas por ano, além de ser o maior do Brasil, com folga, passando por seu entorno mais de U$ 100 bilhões em mercadorias.
O ganho que o porto pode ter com a privatização é difícil de medir. O gargalo logístico nas saídas e nas entradas de mercadorias é muito grande, por isso, uma expansão com ganho de eficiência pode ser vital para as pretensões de crescimento do País.
Assim, o bom resultado obtido no Espírito Santo nos enche de esperança sobre o futuro do porto paulista e sobre a percepção da necessidade urgente das privatizações.