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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Educar crianças financeiramente: quando começar?

Sem dúvida é necessário aprender sobre finanças, mas como começar e quando? De que forma se pode estimular o interesse saudável dos pequenos pelas finanças pessoais?

07/06/2022 18:30

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Quando começar a educar uma criança financeiramente?

Educar crianças financeiramente: quando começar? Pexels

Pesquisadores da vida intrauterina dizem que os fetos respondem a estímulos a partir do segundo trimestre gestacional; será que neste momento o bebê já percebe quando se faz um pagamento em débito ou crédito?

Tirando o humor da situação, fato é que mesmo no século XXI há uma dúvida sobre como inserir o assunto dinheiro para crianças, sejam filhos, parentes e mesmo alunos.

Esta dúvida vem do fato de que poucas pessoas adultas podem dizer que tiveram uma educação financeira formal, seja por pais ou professores. A imensa maioria aprendeu observando, por vezes quebrando a cabeça para entender conceitos subjetivos como salário, trocas e valor.

Daí que, conscientes da importância do dinheiro na sociedade, quando podemos começar a mostrar o que o dinheiro - algo que a criança não consegue medir de imediato - tem um valor e será importante para o desenvolvimento da criança?

Uma forma de inserir o assunto é trazer o conceito numérico: a partir do primeiro ano de vida a criança começa a entender a correspondência biunívoca - uma quantidade equivale a um símbolo gráfico, no caso o 1 para um único objeto, o 2 para dois objetos chegando até o 3 e aumentando até o 10, na primeira apresentação numérica.

A seguir vale levar a criança a locais onde aconteça comércio para que ela entenda o processo de pagar por algo. Isso tudo não precisa (e nem deve) ser algo mecânico mas feito de forma natural para entender que tudo que é comprado passa por um sistema numérico (mesmo que o pagamento não seja em dinheiro mas em cartão).

Para crianças maiores, associar o valor do dinheiro com as quatro operações básicas da matemática é algo que torna o aprendizado divertido, como um joguinho.

A criança tem três moedas, recebe mais duas e fica com quantas moedas? E se ela usar uma moeda para comprar uma fruta, com quantas moedas ela fica? Se dividir as moedas em duplas (divisão por 2), quantas sobram? Tudo isso deve ser conduzido de forma suave, sem ser algo forçado e no ritmo da criança.

Importante lembrar que crianças são, por natureza, muito curiosas. Aproveite esta curiosidade para propor a apresentação do dinheiro propriamente dito: duas moedas de R$ 0,50 equivalem a uma de R$ 1, e cinco moedas de R$ 1 equivalem a uma nota de cinco reais.

Vá aumentando lentamente, até porque a criança pequena não entende que uma nota possa valer mais que um punhado de moedas (ela assimila o valor como “quanto mais, melhor”).

Deixe que a criança manuseie o dinheiro, e para isso vale limpar bem moedas (lavar mesmo, com água e sabão), e usar um spray bactericida nas notas de dinheiro, logicamente supervisionando para que a criança não queira colocar na boca qualquer uma das formas de dinheiro.

Sobre mesadas, algo que sempre deixa pais e responsáveis confusos, vale iniciar quando a criança já domina os passos anteriores, tem noção de quantidade pelo menos até 30 unidades.

Uma regra comum é estabelecer um valor mensal conforme a idade: uma criança de quatro anos recebe quatro reais. Esse dinheiro deve ser dado sempre na mesma data (se mensal, um dia específico, e se semanal todos domingos, ou sábados, como preferir) para que a criança entenda que seu “pagamento” tem data certa.

No caso dos quatro reais, vale dar o dinheiro em moedas e numa nota de R$ 2 para que ela se sinta “com dinheiro”, algo como uma nota de R$ 2, uma moeda de R$ 1 e duas moedas de R$ 0,50. Ela deve ser incentivada a guardar o dinheiro e juntar com os próximos “pagamentos” para futuramente comprar algo que ela deseje e também tenha um pouco para guardar.

Sobre o cofrinho, como introduzir para a criança? Guardar dinheiro deve ser algo para se ensinar desde cedo; o cofrinho ajuda a entender que “está poupando”, e quanto mais cheio, mais a criança vai entender que o dinheiro está acumulando para uso futuro.

Se possível compre um cofrinho que abre e fecha, sem ser daqueles que é preciso quebrar para pegar todo o valor. O cofrinho após cheio é esvaziado para que o dinheiro siga dois caminhos: um é o da escolha de compra da criança, e outro o da poupança para a criança. Nos dois é fundamental que a criança possa participar, fazer perguntas e se interessar pelo processo.

Desta forma, é importante notar que desde muito cedo o dinheiro deve ser apresentado aos pequenos, e uma referência cronológica pode ser estabelecida como a percepção da criança quanto a números, algo comum já após o primeiro aniversário.

O importante é lembrar que você, adulto, será um referencial para a criança no uso do dinheiro em sociedade: portanto, nada de dizer que dinheiro é sujo, é ruim, causa problemas e é difícil de se ter.

Muitas das dificuldades que adultos apresentam hoje em relação à vida financeira tem origem na primeira infância, ouvindo e vendo os pais ou responsáveis reclamando de problemas com dinheiro, finanças e consumo.

Uma relação boa com dinheiro deve começar cedo, sobretudo para que as novas gerações não carreguem tabus e medos que atrapalham o sucesso financeiro.

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