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ARTIGO DE CARREIRA

Semana com 4 dias úteis, funciona? Já é realidade!

Neste artigo, o especialista reflete sobre o novo modelo de trabalho e se isso será viável no Brasil.

07/06/2022 16:30

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Já é realidade semana com 4 dias úteis. mas isso funciona?

Semana com 4 dias úteis, funciona? Já é realidade! Pexels

Nas últimas semanas, muitas notícias estão aparecendo sobre várias empresas que estão testando um modelo de quatro dias de trabalho e três dias de folga durante a semana.

E melhor ainda, sem reduzir o salário dos profissionais. Basicamente, a estratégia é que as pessoas sejam mais produtivas e consigam entregar o que é esperado delas em menor tempo.

Já é realidade em muitas empresas em diversos setores

Diversas empresas no Reino Unido, EUA e Canadá já estão participando desde janeiro de um experimento no qual professores e pesquisadores das melhores Universidades irão avaliar a sustentabilidade destes novos modelos de trabalho.

Os resultados, até aqui, têm sido muito positivos, os profissionais têm relatado melhora em sua saúde emocional, uma forma de administrar a vida mais leve e com maior produtividade conseguem agregar mais ao negócio.

Não é apenas fazer mais rápido

Muitas pessoas pensam erroneamente sobre o que é o aumento de produtividade. Não significa apenas fazer a mesma quantidade de tarefas e atividades em menor tempo. Significa fazer de forma mais inteligente.

A base desse experimento parte da premissa de que existem muitas atividades nas empresas que agregam pouco para o negócio e consomem muito tempo. 

Quantas reuniões você participou no último mês que poderiam ter sido feitas em um quarto do tempo, ou nem precisariam ter sido feitas?

Ser mais produtivo está associado a diminuir ou cortar os períodos de inatividade e construir processos de forma mais inteligente, para que a energia e tempo das pessoas estejam realmente focados no que é importante, tanto para o resultado, quanto para cuidar das pessoas.

E será que funcionaria no Brasil?

A primeira coisa que começamos a pensar é como funcionaria aqui. 

Conversei com 14 gestores de diferentes empresas e segmentos do nosso mercado nos últimos dias. A resposta é unânime de que não estamos preparados ainda para este novo modelo. Ainda não estamos prontos. 

Mas 12 deles consideram este um grande estímulo e impulsionador para fazermos mudanças na nossa forma de trabalho, o que pode levar algum tempo ainda, mas pode trazer excelentes resultados a longo prazo.

Isto porque, quanto medimos a produtividade média dos profissionais, segundo um estudo da Fundação Getulio Vargas de 2021, vemos que a produtividade do brasileiro corresponde a 25,5% da produtividade de um trabalhador norte-americano. Este número é alarmante, 25% apenas.

É um problema sistêmico no nosso país, onde a produtividade dos profissionais é muito baixa.

Neste mesmo estudo, compara-se a produtividade dos profissionais  no Brasil desde 1995 até hoje. Na indústria, a produtividade diminuiu, quando comparado com a produtividade média de 1995. No setor de serviços, aumentou pouca coisa.

E são inúmeros os fatores, indo desde educação, cultura organizacional, até a liderança que afetam esses números. 

Cultura de trabalho 

Um grande amigo me contou uma história que achei interessante e engraçada. Há alguns anos, ele mudou-se para Irlanda, para atuar em uma posição de Diretor de uma grande empresa da área de serviços. 

Em determinado momento, ele iria fazer uma apresentação para todo Board da empresa e enviou o arquivo da apresentação às 17h do dia anterior para sua secretária, para que ela revisasse a apresentação e todos os tópicos.

Ela respondeu que não poderia revisar, pois seu ônibus iria passar às 17h10 e que, na próxima apresentação, ele poderia enviar com antecedência para ela revisar.

Frente à essa resposta, no primeiro momento ele ficou chocado e até pensando se era uma pessoa que ele poderia contar ainda em seu time. Posteriormente, como aprendizado, entendeu que as relações de trabalho são completamente diferentes. O que seria inaceitável na cultura de trabalho brasileira, lá era o dia a dia.

Em diversas culturas de outros países, trabalhar além do horário, fazer hora extra, ser workaholic não é sinônimo de profissional comprometido, mas sinal de profissional ineficiente, e isso acende um alerta. 

A pergunta é levantada nesses países: por que você precisa ficar além do horário, responder e-mails tarde da noite, trabalhar aos finais de semana? Será que você está sendo ineficiente? 

Quais os desafios do nosso país?

Outras culturas lidam melhor com a separação trabalho e vida pessoal. No nosso país, são bastante interligadas. E nossa cultura valoriza o profissional que trabalha muitas e muitas horas. 

Normalmente esses profissionais já estão sobrecarregados com um volume de trabalho acima do que conseguem entregar. 

Quando comparada, nossa rotina de trabalho média tem muitos períodos de inatividade, percorrendo a internet ou fazendo coisas não relacionadas às entregas do trabalho.

A liderança também tem um grande caminho a percorrer, com o intuito de direcionar e conseguir desenvolver as pessoas para que tenham maior foco, processos e ferramentas adequadas para cumprirem suas responsabilidades. 

Não é para todos os setores

Não são todos os setores que conseguem adequar-se facilmente nesta modalidade.As áreas de serviços e saúde podem encontrar grandes obstáculos para anteder seus clientes. Principalmente nesta última, onde os profissionais estão constantemente sobrecarregados e atolados com a quantidade de trabalho.

Temos um grande caminho a percorrer

Frente a uma produtividade tão baixa dos nossos profissionais, quando comparada a outros países, temos um grande desenvolvimento e um grande terreno a percorrer. 

Por outro lado, podemos ter ganhos e melhorias significativas nos resultados buscando aumentar e melhorar a produtividade e saúde mental dos nossos profissionais. Fato esse que pode revolucionar nosso sistema de trabalho e ser um grande desenvolvedor da nossa economia.

E você? O que você acha? 

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