Você sabia que diversidade tem tudo a ver com contabilidade? Nesse sentido, proponho uma reflexão acerca desse tema relevante, que está sendo aderido por muitas empresas no Brasil, referente à inclusão da diversidade nas organizações.
É notável que a área contábil possui uma série de rotinas técnicas, operacionais, desde contato com clientes, lançamentos contábeis, entrega de obrigações acessórias até o atendimento personalizado com uma abordagem consultiva. E a diversidade? Pois bem, quando fala-se do assunto na contabilidade, precisamos refletir e questionar: quem está por trás de todas essas rotinas? São as pessoas, não é mesmo?!
E quando falamos em pessoas, falamos em uma diversidade de pessoas com seus marcadores da diferença, sejam étnicos/raciais, orientação sexual e/ou romântica, identidade de gênero, diversas faixas etárias, entre tantos outros marcadores sociais.
Cada pessoa é única, com suas características pessoais. O fato é que, nem tudo é tão bom, inclusivo e diverso como deveria ser.
Historicamente, a contabilidade foi construída como a ciência do homem para o homem, branco, cisgênero e heterossexual. Basta olharmos nos livros de História do Pensamento Contábil e visualizarmos quem são citados como os grandes pensoradores que contribuíram para o desenvolvimento da contabilidade, que em suma são homens.
Em nenhum livro da época a mulher foi mencionada como pensadora contábil. Com isso, observa-se que, não há representatividade, inclusão e respeito à diversidade de pessoas, há o apagamento, silenciamento e a reprodução desse "padrão ideal".
Nesse sentido, pessoas que não correspondem a esse "padrão ideal" do homem branco cisgênero heterossexual, historicamente, sofrem de alguma forma preconceito no Brasil ao tentar se inserir na área contábil e em alguns outra nichos com predominância masculina.
Diante do apresentado, lhes faço alguns questionamentos para reflexão em relação às pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis/Transexuais/Transgêneros (Trans), Queer/Questionando, Intersexo, Assexual/Arromântico/Agênero, Pansexuais/Polisexuais, Não-Binárias e Mais (LGBTQIAPN+) associado a contabilidade.
A você, contador, contadora, estudante e docente do curso de graduação em Ciências Contábeis, ou mestrado ou doutorado em Ciências Contábeis
Com quantas lésbicas, gays, bissexuais, pessoas Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexual/Arromântico/Agênero, Pansexuais/Polisexuais e Não-Binárias você já trabalhou no escritório de contabilidade?
Com quantas pessoas LGBTQIAPN+ você já estudou no curso de Ciências Contábeis?
Nesse sentido, convido-lhes a refletir e questionar o porque que é muito raro haver LGBTQIAPN+ nesses espaços. Minha apresentação irá começar a partir dessa reflexão.
Muito prazer, eu sou Juh Círico, sou uma mulher trans, contadora, pesquisadora e escritora. Sou a primeira trans no Doutorado em Ciências Contábeis no Brasil. Ingressei em 2022, e diante do contexto, questiona-se: Estamos em 2022, e porque é tão difícil ocuparmos esses espaços contábeis?
Portanto, a você leitor, leitora, respeitosamente destaco, falar de diversidade na contabilidade é abrir portas e contribuir para a transformação de vidas, dando oportunidades para LGBTQIAPN+ que muitas vezes desistem da carreira contábil ou até não tentam, devido aos diversos preconceitos existentes na área, e a LGBTQIAPN+fobia é uma das formas de preconceito, seja pela expressão de gênero, identidade de gênero, orientação sexual, ou pelas roupas, cortes de cabelos, que rompem com o "padrão ideal" acima mencionado.
Finalizo este texto destacando que, dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, data que marca a luta pelos direitos em todo o mundo.
Que possamos nos somar a essa luta tão importante no combate a LGBTQIAPN+fobia, respeitando todas as pessoas e compartilhando oportunidades, afinal, oportunidades transformam vidas!
Abraço,
Juh Círico