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Trabalho por obrigação vs. por gosto

Se não temos escolha em trabalhar naquilo que gostamos, devemos aprender a gostar do que estamos trabalhando ...

01/05/2012 19:33

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Trabalho por obrigação vs. por gosto

Ao longo da história verificamos que, por séculos e séculos, o ato de trabalhar, na grande maioria das populações, é visto como castigo, obrigação. No mesmo período evoluímos em vários segmentos, porém quando se trata de trabalho parece que permanecemos estacionados, ou seja, continuamos vendo-o da mesma forma.

Um fato é bem verdade e não extinguível, necessitamos do trabalho para obtermos o sustento para nós e nossos filhos. Se isso é uma imposição natural, enquanto não aprendermos a lidar com essa aversão que muitos de nós carregamos, ficaremos sempre dentro de um círculo vicioso que é fazer o que não gostamos, mas precisamos e por isso fazemos sem vontade o que aumenta nossa insatisfação e aí, desgostamos a cada dia e mais frustrados ficamos, sempre caindo numa frustração crescente.

Se não temos escolha em trabalhar naquilo que gostamos, devemos aprender a gostar do que estamos trabalhando de forma a não cair em frustrações e, portanto passar a alimentar positivamente nosso conforto no trabalho, e em tudo a ele relacionado, depende em grande parte de nós mesmos o que significa dizer “se não posso evita-lo, vê-lo de forma positiva pode ajudar muito”. Vale enfatizar que esta forma de agir não deve ser encarada como uma acomodação, mas sim como uma adaptação. Ao agirmos desta forma estaremos entrando em um círculo vicioso positivo que fomentará nossa satisfação e, portanto nossa qualidade de vida.

Não é difícil também, encontramos pessoas que gostam de suas funções laborativas, mas permanecem frustradas, o que fazer? Identificar primeiro o que as colocam frustradas é o primeiro passo.  O segundo passo é verificar de onde vêm as causas dessas frustrações, se são internas ao nosso ser, se surgem do nosso trabalho e seu ambiente ou, se são externos e para  esse motivo, podemos apresentar como exemplo: os longos trajetos de ida e volta diária para o trabalho. O terceiro é minimizar ou neutralizar qualquer dos fatores que as colocam em frustração como, por exemplo: esperar um reconhecimento de sua chefia com relação ao seu desempenho ou a um trabalho específico e aqui vale um lembrete que bem nos coloca com os pés no chão: somos pagos para executar o nosso trabalho e, portanto devemos fazê-lo da melhor forma. Cabe aqui colocar que se a insatisfação é com a empresa, pois o objetivo é trabalhar em uma de maior porte, com maiores recursos, se faz necessário fixar essa mudança como objetivo transformando a permanência na empresa atual em um estímulo positivo que aprimore suas inter-relações e produtividade. Essa postura atenuará, com certeza, suas insatisfações enquanto aguarda a concretização do objetivo.

Podemos concluir que se estivermos em alerta com relação à nossa relação com o trabalho e seu ambiente e se gerenciarmos os estímulos que nos afastam ou nos aproximam dele dando-nos menor ou maior qualidade de vida, muito mais estaremos nos beneficiando do trabalho além de sua sustentabilidade.

E às empresas, o que cabe a elas?

É comum no mercado de trabalho encontrar, nos anúncio de contratação, como atrativo, salários indiretos do tipo auxílio creche, plano de saúde, etc. Será que essas estratégias ficam solidificadas na satisfação dos empregados? Não é o que vemos na prática, pois a cada acordo coletivo, a cada ano, reajustes cada vez maiores desses atrativos e a adição de outros caem em cima da mesa dos empresários e diretores, criando assim pontos críticos de desavenças entre empregadores e empregados.

O consumo depende do mercado, a expectativa do consumidor está sempre atrelada à sua satisfação e, portanto ao melhor serviço, ou seja, investir no desejo de consumo dos empregados fatalmente, em um futuro próximo, fará com que verba da empresa para esses atrativos fique ultrapassada e inviável restando apenas conflito.

 O que fazer então?

Aparentemente a melhor forma de a empresa propiciar uma maior satisfação do empregado por seu trabalho e por estar na instituição é investir no seu “eu” e não no seu consumo. Podemos citar como exemplo uma questão ocorrida em uma das empresas em que trabalhei: Nas reuniões de acordo coletivo várias questões foram levantadas e apenas uma basta para exemplificar a questão do “eu” vs. consumo, a discussão do valor do auxílio-creche. Esta reinvindicação atendia a poucos, pois nem todos tinham filhos nessa faixa etária e muito menos tinham filhos, mas por incrível que pareça foi aceita pela coletividade.

A empresa ao praticar bons salários para seus empregados, dentro do mercado e mesmo superiores, necessários às suas expectativas, permite que optem por suas próprias e individuais prioridades de consumo. Se em uma determinada família a prioridade é a educação dos filhos, o melhor colégio será escolhido dentro das possibilidades permitidas e talvez, tal prioridade poderá não ser a mesma para outra família, mas cujo bom salário permitirá atingir outras metas. Em resumo, se a empresa optar por bons salários estará permitindo aos seus empregados o consumo de suas escolhas ao invés de ter que disponibilizar recursos para pagamento de atrativos que não atendem a todos e por isso, continuará a fomentar a insatisfação em seus empregados.

Outra forma da empresa criar o conforto e a satisfação em seu ambiente de trabalho é investir na melhoria da organização principalmente, no inter-relacionamento entre seus funcionários de diferentes hierarquias ou iguais. Existindo o respeito, a transparência, objetividade e a comunicação entre outros valores certamente existirão a satisfação e a produtividade.

Outras formas de atuação da empresa para a melhoria da satisfação devem existir e se refletirmos e buscarmos, certamente encontraremos muitas outras tão eficientes quanto as já existentes.

Para encerrar este artigo volto à importância do investir no “eu”. Como exemplo  cito os cursos de aperfeiçoamento que criam oportunidades de evolução na empresa e se esta for realmente praticada melhor ainda, pois qual empregado não desejará se empenhar para concretizar sua promoção? Muitas empresas não investem em cursos de aperfeiçoamento, pois acreditam que estão capacitando seus empregados para seus concorrentes. Para este receio existem duas alternativas: Reler esse artigo ou atrelar um compromisso, de tempo de serviço após o término do curso, com o funcionário. Esta última opção vivenciei em uma das empresas que trabalhei e dava certo e mais, o empregado permanecia muito mais tempo na empresa que o definido no compromisso.

Convido a você empregador e empregado a buscarmos soluções que nos coloquem em harmonia com o nosso trabalho e que plantemos a boa organização e o bom ambiente para todo o nosso quadro funcional

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