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ARTIGO DE ECONOMIA

O árduo trabalho estadunidense de baixar a inflação

Neste artigo, o especialista discute a questão inflacionária que atinge os EUA.

25/11/2022 13:30

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O árduo trabalho estadunidense de baixar a inflação

O árduo trabalho estadunidense de baixar a inflação Foto: Karolina Grabowska/Pexels

Num primeiro momento, o título deste artigo nos parece estranho, pois não estamos acostumados a ouvir falar da ocorrência de inflação nos Estados Unidos. Entretanto, o fenômeno é uma realidade atual na terra do “Tio Sam”.

A economia norte-americana, mesmo com os constantes aumentos de juros do banco central do país, o FED, continua dando sinais de força. 

Para se ter uma ideia de como ela está aquecida, existem aproximadamente 5,7 milhões de pessoas desempregadas e mais de 10 milhões de vagas abertas, ou seja, não há desempregado o suficiente para suprir toda a demanda. 

Um exemplo para ilustrar este cenário é o que está acontecendo com os serviços, como restaurantes e hotéis, que estão operando entre 60% e 70% da sua capacidade.

O FED, que já deu início a um processo de normalização monetária, levou os juros a uma faixa de 4,75% a 4,25% – e deve subir mais uma vez em dezembro. Contudo, não é o bastante para sequer diminuir a velocidade de criação de novos empregos, que, atualmente, está na marca de 250 mil novas vagas mensais.

O único setor que dá sinais de começar a sentir os efeitos da subida é o imobiliário: a taxa de mortgage (hipoteca) bateu 7%, ao passo que, há um ano, registrava 2,5%.

Até mesmo a queda na taxa de inflação, apontada nos últimos meses, não pode ser comemorada, uma vez que é originada dos preços voláteis, principalmente dos combustíveis e do petróleo. 

Um dado revelador: apesar de o índice geral ter baixado de 9,1%, em junho, para 7,7%, em outubro, o core – que mede o núcleo “duro” da inflação, principalmente dos serviços – subiu, no mesmo período, de 6,1% para 6,3%. Isso indica que o “inchaço” que preocupa o FED ainda não deu indícios de queda.

Como se não bastasse tudo isso, as vendas do varejo, em outubro, subiram 1,3%, contra uma inflação de 0,4%, o que mostra um crescimento real de quase 1%. Ainda: o indicador, que já vem mostrando alta generalizada há tempos, não dá mínimos sinais de arrefecimento, pois o cidadão estadunidense não está deixando de consumir.

Levando tudo isso em consideração, o objetivo do FED parece ainda estar bem longe de ser atingido. Por isso, surpreende que parte do mercado daquele país já esteja discutindo quando a autoridade baixará os juros, pois novas altas ainda são necessárias, por um período maior de tempo.

Para nós, por aqui, resta a certeza de que o mundo será menos fluido. Os primeiros “esqueletos” desta falta de liquidez começam a aparecer: ativos mais arriscados (como as criptomoedas) derretem – e devem se desfazer ainda mais. 

Além disso, podemos esperar uma alta média das taxas de financiamento e do câmbio. É o preço do ajuste...deles.

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