Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels A liquidez quanto a análise isolada do termo, tem vinculação direta com a agilidade e rapidez na transformação de um determinado item em algo mais monetizável do que o representado pela sua estrutura, ou apresentação original.
Assim, quando pensamos em liquidez, estamos falando em rapidez de transformação bem como facilidade em mudança de estado monetário de um bem ou direito, facilidade essa que deve ser suportada em agilidade de ação com simulações já realizadas para indicar a melhor alternativa de ação.
Esse deve ser um ponto de atenção das empresas, e que está obrigatoriamente atrelado a sua estratégia de negócio, a dinâmica do mercado no qual atua, a agressividade, ou até mesmo audácia, dos seus administradores.
Todas essas quatro características – estratégia, dinâmica, e agressividade ou audácia – quando analisadas com o enfoque de liquidez necessária, ou, exigida pelo negócio da empresa, tem vinculação ao seu montante e qualidade de compromissos.
O montante está atrelado, efetivamente, a quantidade dos compromissos, e qualidade está atrelada na maleabilidade de possível negociação, se e quando necessária.
Assim, se imaginarmos a análise de constituição de um determinado negócio, no qual, por algum motivo as compras tenham que ser realizadas a vista, e as vendas tenham recebimento para o prazo de trinta dias, é fato que haverá por parte do administrador desse negócio, no primeiro momento, a necessidade de suporte financeiro extra para bancar essa defasagem de datas entre pagamento e reposição de caixa.
É importante que esse administrador, na alternativa de recorrer ao mercado financeiro para essa reposição de giro trabalhe de forma a reduzir seus custos financeiros. Uma outra forma também a se analisar, é a busca junto aos sócios da empresa de um possível aumento de capital, ou de um Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC), ou até mesmo, de um empréstimo que eles possam realizar para a empresa de forma menos onerosa do que a cobrada pelo mercado financeiro.
As demonstrações financeiras desta empresa, em conjunto com outras ferramentas de gestão como o fluxo de caixa, o orçamento, acompanhamento das projeções de vendas, indicarão ao administrador qual a disponibilidade mínima que ele deve ter sob a sua gestão para honrar seus compromissos, ou seja, qual a disponibilidade de liquidez necessário e em qual prazo, para que ele tenha uma boa administração financeira do seu negócio.
Itens de fundamentais importâncias nessa análise estão vinculados diretamente a estratégia do negócio e a dinâmica do mercado no qual a empresa atua. Há um entrosamento considerável desses pontos, quanto por exemplo o administrador avaliar se deve comprar ou alugar um imóvel para instalar o estabelecimento. Se deve ter frota própria ou se deve fazer terceirizar essa atividade, ou mesmo fazer leasing de veículos para a atividade.
Itens que façam parte do ativo imobilizado da empresa como imóveis e veículos tem o que se chama de liquidez lenta ou duvidosa, ou seja, há efetivamente uma demora para transformar esse bem em dinheiro, em disponibilidade, sendo que além da demora e do custo para isso, o valor da operação pode não ser o necessário para o momento. Assim, se por exemplo, a empresa tem situação de compras com pagamento à vista e vendas com recebimento em trinta dias, deve estar atenta para a sua disponibilidade de liquidez.
Nessa fase da abordagem, temos, como já mencionamos em outros comentários, a importância de analisar e entender o impacto na operação de conceitos relacionados a OPEX (operational expenditure) e a CAPEX (capital expenditure). Considerando a disponibilidade de liquidez necessária para aquela fase da operação, quando e até quanto trabalhar com esses dois conceitos no planejamento financeiro da empresa.
Aqui temos a importância da estratégia do negócio e a dinâmica do mercado, se a nossa análise de mercado demonstrou que os nossos produtos, a nossa operação, pode ser bem aceita em determinada região, mas para isso há necessidade de trabalhar o mercado, sentir o perfil dos consumidores, avaliar suas preferências, analisar as dificuldades logísticas quanto a prazo médio de recebimento, e prazo efetivo de entrega, ter estoque de segurança em local de fácil acesso e de rápida distribuição, ter sistemas confiáveis de controle, tudo isso frente a questão financeira da operação que apresenta prazo de desencaixe menor do que o prazo de encaixe em termos de fluxo de caixa, como administrar as disponibilidades de liquidez, investindo em CAPEX mesmo sabendo que a instalação naquela região está em fase de amadurecimento, podendo ou não prosperar, ou, optamos pelo investindo em OPEX, inclusive podendo ter nessa opção algumas vantagens em termos tributários.
O administrador precisa ter, de forma bem clara, em sua visão de planejamento o conceito de disponibilidades de liquidez, de acordo com a abordagem acima, vinculando a mesma as variáveis conhecidas e previstas de estratégia de negócio, a dinâmica do mercado.
