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ARTIGO DE ECONOMIA

O saudável setor externo da economia brasileira

Neste artigo, o especialista comenta sobre o setor externo da economia nacional a médio prazo.

15/12/2022 13:30

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O saudável setor externo da economia brasileira

O saudável setor externo da economia brasileira Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Os números das transações nacionais com o setor externo estão presentes no balanço de pagamentos. 

Todas as operações entre residentes e não residentes são lançadas nesta partilha dobrada, como se o Brasil fosse uma “empresa”, com ativo e passivo com o restante do mundo. 

Vale lembrar, por exemplo, que um executivo estrangeiro de empresa multinacional que tenha contrato limitado de passagem pelo País continua a ser um não residente, fazendo parte das estatísticas do setor externo.

A estrutura desse balanço tem uma parte para anotações de transações de bens e serviços, capitais e não capitais e transferências unilaterais, como doações, de um lado, e todas as atividades realizadas com capital, como investimentos em empresas, produção, ativos financeiros, amortizações, entre outros, de outro. 

A soma entre o déficit de transações correntes, bens e serviços, e o capital resulta no balanço de pagamentos. 

Caso este número seja positivo, o país acumula reservas, pois significa que entraram mais divisas do que saíram, e guarda o montante numa conta internacional; se negativo, o país gasta reservas, ou seja, precisa usar sua poupança de moeda estrangeira.

Em 2022, os dados dessa movimentação não dão margem para preocupações, embora estivessem melhores no início do ano. De acordo com a última divulgação do Banco Central (Bacen), começamos janeiro com um déficit de transações correntes, exportações e importações de bens e serviços, em 12 meses, em torno de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), chegando em outubro com aproximadamente 3,2%. 

Em ambos os casos, o déficit das transações correntes de US$ 44 bilhões, entre janeiro e outubro, maior do que os US$ 30 bilhões de 2021, ainda é bem menor do que o investimento externo direto do período, que foi de US$ 74 bilhões, mais do que os US$ 46 bilhões do ano passado. 

Entretanto, por que comparamos o déficit das transações correntes com o Investimento Externo Direto (IED)? 

Porque o IED representa as aplicações em produção direta, fábricas e plantas, por isso, não consegue deixar o País no curto prazo. Assim, garante eventuais déficits nas movimentações correntes sem que o Brasil tenha de recorrer a reservas.

Geralmente, tudo isso é gerado no setor de serviços, representando um rombo de US$ 32 bilhões (fretes, seguros, viagens internacionais, entre outros) e de renda primária (os montantes a pagar pelo uso de recursos financeiros ou rendas de investimento), e totalizando um déficit de quase US$ 60 bilhões. 

Esses números contrastam com o superávit da balança comercial, US$ 37 bilhões, lembrando que todos os dados foram contabilizados entre janeiro e outubro de 2022. 

Assim, as reservas internacionais continuam em níveis seguros, dado que os números do ano não indicaram saídas líquidas relevantes. 

O País tem, “em caixa”, mais de US$ 325 bilhões, o que confere à economia nacional bastante confiabilidade, uma vez que mostra sua capacidade de honrar passivos com países estrangeiros em eventuais  problemas. 

Para se ter uma ideia, só de juros se gera uma receita média de US$ 600 milhões todo mês, que deve subir por meio da alta da taxa dos países centrais.

Desta forma, o setor externo não parece ser um gargalo para o Brasil no médio prazo, garantindo, pelo menos aqui, que não haja nenhum sobressalto no câmbio. 

A única fonte de pressão fica para o setor fiscal, mas apenas se as regras forem descartadas.

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