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CURRÍCULO

Grades curriculares: por que tantas divergências?

Desafios para as instituições de ensino superior (IES), no sentido de elas tentarem uniformizar suas grades curriculares do curso de Ciências Contábeis, independentemente da região onde estejam localizadas.

20/02/2023 15:00

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Grades curriculares: por que tantas divergências?

Grades curriculares: por que tantas divergências? Foto: Pixabay

Durante muito tempo pesquisei sobre as grades curriculares de várias instituições de ensino superior (IES) do Brasil. Fiquei impressionado com as divergências existentes nas grades do curso de Ciências Contábeis. Com certeza isso acontece também em outros cursos, mas prefiro comentar sobre o que conheço, na condição de docente e de profissional de contabilidade que atua na área há muitos anos.

Certa vez, participei de um encontro com representantes do MEC, em Salvador, e tratei sobre esse assunto. Procurei saber daqueles prepostos do órgão que define as normas para a educação no país qual a razão de um curso ter conteúdos programáticos tão diferentes, mesmo quando as instituições de ensino estão localizadas na mesma cidade. Fui informado naquela oportunidade que era uma adequação em razão das diferenças regionais. Não fiquei convencido e continuei questionando. Não obtive uma resposta satisfatória.

O fato é que não há explicação para essa variedade de grades curriculares. Entendo que quando se prepara um profissional de contabilidade ele deve ficar apto a exercer sua profissão em qualquer lugar do país. A contabilidade no Brasil é uma só.

Não há contabilidade do Norte e contabilidade do Sul. Se for contabilidade de uma empresa industrial, deve ser igual em todo território nacional. Se for contabilidade de uma empresa comercial, também deve igual em qualquer parte do país. E se for de uma empresa de serviços, idem.

O que muda é o grau de complexidade em função do porte de cada empresa. De outro modo, estaríamos preparando profissionais de contabilidade que só poderiam atuar no âmbito regional. Essa é uma ideia distorcida e inconcebível.

Há situações em que um aluno que se transfere de uma instituição para outra, na mesma cidade, não pode aproveitar alguns conteúdos programáticos já estudados, pois esses conteúdos não fazem parte da grade curricular daquela outra instituição para onde ele foi transferido. Ou então fazem parte, porém a carga horária está incompatível. Isso acontece bastante com o curso de Ciências Contábeis, embora deva acontecer com outros cursos também.

O que se observa é que o MEC estabelece as diretrizes básicas do curso, entretanto deixa lacunas para adequações que ficam a critério de cada instituição de ensino.

Do meu ponto de vista essa alternativa prejudica quem vai fazer o curso de Ciências Contábeis, pois geralmente o vestibulando não conhece com antecedência os conteúdos de todas as disciplinas que vai cursar em determinada instituição. E é possível que haja instituições que apresentem a mesma disciplina com conteúdo programático mais interessante, inclusive com carga horária diferente.

Diante dessa visível distorção na maneira de se preparar profissionais de contabilidade no Brasil, entendo que o desafio das instituições de ensino superior que oferecem esse curso é tentar uniformizar, da melhor maneira possível, suas grades curriculares. Isso trará muitos benefícios para estudantes, professores e também para o mercado de trabalho desses futuros profissionais.

Sei que ensinar não é tão-somente contar com disciplinas interessantes na grade curricular. Exige também professores dedicados e competentes, estrutura física adequada e um corpo discente comprometido com o aprendizado. O trinômio mínimo necessário para bom êxito no ensino é: bons professores, boa estrutura operacional e boa grade curricular. O resultado dessa combinação é uma excelente formação profissional.

Preparar profissionais de contabilidade para ter atuação restrita a uma região é um equívoco que precisa ser corrigido. Um contador ou então contadora precisa ter formação plena e esses profissionais precisam estar em condição de atuar em qualquer região do país, com a mesma desenvoltura e capacidade técnica. Não importa onde ele estudou, mas sim que ele esteja bem-preparado para exercer sua profissão com dedicação e competência.

Importante ressaltar que isso vale para outras profissões também.

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