Vivemos num mundo pós-pandemia e que ainda enfrenta uma guerra, o impacto nos mercados é muito maior do que a maioria de nós imagina. Aqui no Brasil temos um complicador chamado tributo.
Para a cadeia produtiva poder funcionar, é necessário pagar diversos tributos, que vão desde o transporte da matéria-prima até a entrega do produto final ao consumidor.
Desde sempre, apoiamos a ineficiência estatal e sustentamos um governo inchado e sem capacidade de proporcionar uma estabilidade fiscal que nos dê tranquilidade.
Para manter a sobrevivência, as companhias estão, cada vez em maior número, usando o compliance. Falei sobre Compliance no RH num outro artigo.
A pergunta número um é: Como implementar uma filosofia de negócios que traga retorno financeiro para a organização?
A primeira ação é deixar de lado o hábito de reclamar ou tentar enganar o sistema. O foco deve ser a obtenção de lucro suficiente para manter o negócio funcionando.
O Consultor Empresarial deve analisar o mercado no qual a empresa está inserida. Um estudo bastante relevante para as adequações futuras. A seguir, apresentarei um exemplo de planejamento e mudança de postura, fácil por estar em evidência, adotado pelo Grupo Globo.
Quando a Rede Globo competia quase na totalidade num mercado restrito ao Brasil, ela investia milhões em contratos para manter a exclusividade de grandes nomes da cultura e, assim, evitar a migração para a concorrência.
Manter um cast de mais de 200 artistas requeria um valor milionário todos os meses, um alto custo. A tecnologia alterou esse cenário, assim como também o telespectador, o consumidor de conteúdo.
No passado, os nomes eram valorizados, pois atraíam audiência. No entanto, o que realmente atraí, hoje, é o conteúdo. Ao procurar esse produto, o consumidor se viu diante de um mundo de possibilidades nos, streaming. O cenário mudou e agora os concorrentes são os players gigantes americanos especialistas em bisness.
A Globo precisava mudar. Os contratos fixos foram extintos e os grandes salários diminuíram.
Houve um esforço de engenharia para se atingir o máximo de desempenho com o menor número de profissionais. A Globo está se adequando às novas necessidades dos consumidores e alinhando práticas de governança para se equiparar aos concorrentes.
Discutimos que todos esses procedimentos ainda não trouxeram um ganho real para o grupo. O mais relevante, diminuiu o prejuízo e estabeleceu uma meta de médio a longo prazo.
A empresa, seja de qualquer tamanho, deve ter um plano de ação. Grandes corporações, atualmente, já estão planejando cinco, dez anos para frente. A Lei de Responsabilidade Fiscal nos auxilia e nos dá um contorno da ação no setor público.
No setor privado, podemos usar a Lei como bussola. Os tributos devem ser tratados de forma especial, o Consultor Empresarial deve se concentrar neles todos, entender em que momento ele foi gerado e se o processo interno está correto, muitas vezes não esta.
Várias companhias, que visitei, não usam benefícios legais para diminuir a parte onerosa do custo operacional, o tributo. Muitas pagavam errado mesmo. O Consultor deve estar atento aos detalhes do departamento contábil e jurídico e traçar o caminho.
No atual cenário, o objetivo sempre será um impacto positivo no custo na ordem de 10 a 20%. Como pode-se reduzir tributos honestamente? Sem se tornar um sonegador? A resposta é Sim.
Existem diversas maneiras de alcançarmos o sucesso numa reengenharia tributária. O empresário deve estar ciente de que o mundo tem mudado significativamente nos últimos anos e, seja qual for o seu mercado, terá que investir em governança ética, responsável e sustentável por questões de imagem e desempenho.
O exemplo da Globo é extremamente relevante para compreendermos esse caminho. Sendo ela a líder de mercado por décadas, por que haveria de mudar? Se não tivesse se adequado, morreria em alguns anos, mesmo sendo um líder de mercado.
As margens estão cada vez menores, não estamos mais nos referindo a um lucro abundante, ele será extraído dessa reformulação geral de toda a organização, o chamado Compliance Empresarial.
Muitos colegas nossos, contadores, tiveram dificuldades em abandonar a calculadora e aderir aos computadores, eles o demonizavam.
Ocorre que essas máquinas revolucionaram os escritórios de contabilidade e aqueles que não seguiram a nova tendência acabara perdendo competitividade e fechando. O Consultor Empresarial visa fazer com que o empresário compreenda a importância dessa adequação ao mercado que ele disputa.
A alteração do modelo de organização, desde o departamento de recursos humanos até a contabilidade, controladoria e financeiro. O foco deve ser o produto final, lembrando que a imagem dele é a de quem o produz.
A empresa deve ter como objetivos ser honesta, sustentável, respeitosa e moderna. Ter uma posição de vanguarda, ser uma referência em eficiência e organização.
Por: Beto Villani, Consultor Empresarial