As notícias que movimentam os meios de comunicação são sempre relacionadas a grandes organizações, governos ou pessoas famosas. Nos acostumamos a pensar que esse seleto grupo tenha o poder econômico do mundo. Estamos acostumados a ver e ouvir pessoas de classe a, b.
Cometemos um erro ao ignorar os invisíveis. Quem movimenta a economia são eles. Repare numa estação movimentada de metro ou terminal de ônibus. Observe na cidade as avenidas, escritórios, lojas de todo tipo. Começamos a compreender que os milhões de invisíveis que consomem todo tipo de produto são o que move a economia, eles são como ouro para as empresas.
Os invisíveis não estão preocupados com marca ou tradição, querem qualidade e preço acessível, um mercado gigantesco que no Brasil representa 75% da população, eles são divididos em classes c1, c2, d, e. Quando alguém se destaca em rede social e se torna influencer, estamos falando da adesão dos invisíveis a proposta daquela pessoa.
Na outra ponta da economia estão as empresas invisíveis, aquelas no bairro, na casa e nas pequenas estruturas comerciais e industriais. As empresas invisíveis empregam a maioria da força de trabalho do país e a força delas vem do conjunto, jamais no individual. Essas empresas estão classificadas como de classe c, d, e.
O consultor empresarial deve estudar para ter profundo conhecimento das tendências dos invisíveis, importante distinguir as regionalidades e o senso comum de uma população. Os meios de comunicação, grandes empresas e classe política fazem uso dessa ferramenta de pesquisa há muito tempo, agora precisamos trazer esses recursos para as médias e pequenas empresas.
Elas precisam estar antenadas com essa massa de consumidores que silenciosamente consomem produtos e serviços. Fornecer para eles e para as empresas deles é substancial para a sobrevivência num mercado cada vez mais disputado.
O segredo do crescimento é saber o que pensa e sonha o invisível. Somos, na maioria, invisíveis, números de R.G que circula, trabalha, namora, tem filhos, efetua compras no mercado e adquire produtos e contrata serviços, sonha com casa própria bem montada, aquele carro novo.
No mundo corporativo devemos estar atentos porque os grandes já estão lá. O desafio consiste em entender qual o tamanho do seu mercado. Entendemos que o mercado é vasto, mas o tamanho em questão é o das pernas da sua empresa. A vitória de um plano estratégico de mercado está íntimo a esse fator.
Vamos a um exemplo vindo dos anos 1990 e começo dos anos 2000. No mercado de refrigerantes tínhamos a líder máxima e outras marcas globais disputando acirradamente o mercado. Essas marcas concentraram forças no macro e estavam certas, detalhe, elas não se interessaram em conversar com os invisíveis.
Uma surpresa então surgiu, uma fábrica pequena do interior de São Paulo se tornava líder de vendas de latinha de refrigerante no centro da cidade de São Paulo. Fica claro, nesse exemplo, o poder dos invisíveis, eles buscavam um refrigerante barato e gostoso, não buscavam marca. Conclusão: eles criaram um player forte na extensão de mercado possível para sua capacidade produtiva.
Importante é saber até onde ir, nesse caso, a fábrica do interior derrotou gigantes da indústria naquele pequeno espaço, houve uma vitória. Uma pequena padaria de bairro não conseguirá derrotar uma fábrica de pães gigante no mercado global, mas naquele bairro ela pode se tornar líder de vendas.
O planejamento de crescimento vem com a experiência para alcançar consumidores no bairro vizinho e assim crescer. Para concluir posso garantir que nesse cenário atual de economia tentando se reerguer, as empresas médias e pequenas que estudarem o mercado dos invisíveis e oferecer produtos e serviços moldados as necessidades deles, terá um resultado espetacular quando retomarmos o crescimento.
Beto Villani – Consultor Empresarial.