Como é possível uma auditoria ser tão malfeita?

Como uma auditoria deixa um rombo a descoberto na magnitude de R$ 20.000.000.000,00?

Alguns dos leitores têm uma explicação? 

Eis o link:

https://leiaisso.net/06gbf/

Como pode uma auditoria ser tão malfeita? 

Alguns dos leitores têm uma explicação? Estou horrorizado, simplesmente. 

https://leiaisso.net/06gbf/

Nunca trabalhei com auditoria, portanto não tenho um olhar de "dentro", mas algumas professores que tive na pós graduação compartilhavam um problema relacionado ao fato de que uma auditoria trabalha com amostragem.

Outro artigo que também li na época, (não lembro o nome, nem o autor) criticava a falta de ceticismo por parte de auditores. Na época o artigo criticava os problemas que levaram a falência da Enron.

Com relação ao caso exposto (LAME4), não sei sei outras pessoas acompanharam esta notícia, mas entrei na Bovespa e li que a companhia divulgou em fato relevante que a inconsistência não teve efeito caixa material. Achei um pouco esquisito, pois, fui olhar a DRE consolidada do grupo e verifiquei que o faturamento de 01-09/2022 foi de 18 bi. Me parece que seja material uma diferença
de 20 bi para uma empresa que faturou 18 bi em três trimestres. Não sei se interpretei errado, e a companhia ainda não divulgou detalhes. Mais alguém analisou o fato?

Esquisito é pouco. A companhia tem um PL de 10 bi frente a uma inconsistência 2 vezes maior. 

Consegui o balanço de 30-09-2022. Como pode um passivo circulante de 10 bilhões apresentar uma inconsistência de 20 bi?

Pior ainda, como é que uma auditoria, repito, não consegue analisar esse fato? E ele é gravíssimo, caso contrário o CEO não teria renunciado e pulado fora da cilada.

Aqui estão as demonstrações

Eu também consulto pelo serviço de empresas listadas na B3.

E se não me falha a memória, o Sergio Rial (CEO que renunciou) foi muito elogiado no comando do Santander.

Além de parecer grave pelo montante, achei esquisito no fato relevante constar a afirmação que o ajuste tinha "efeito caixa imaterial". Estou me perguntando se o ajuste será feito com contra-partida em um ativo (como estoque) que também estaria subavaliado. Caso contrário será mais um triste caso a história da contabilidade criativa.

O valor é grande demais - cerca de 2 vezes o que a empresa vale, a valor de mercado. 

Uma profunda mancha no histórico da Empresa Auditora, a tão famosa Price Waterhouse.

Se eles fizerem a contrapartida pelo estoque significa que este estava subavaliado em 300%? Totalmente fora de lógica uma tal discrepância. 

Se a contrapartida for a transferência do Passivo não-circulante, significa que o eliminarão, pois seu valor é de aproximadamente 20 bi. 

Estou só querendo ver a mágica contábil por trás de tudo isto. O valor representa 30 vezes a Reserva de Lucros. 

Pior ainda vai ser quando estourar a questão de Impostos não-recolhidos, empresa mantida à força de mandados de segurança em Pernambuco, por exemplo, não recolhem ICMS ou o fazem erradamente etc, etc

Na Receita Federal, eles não conseguem emitir Certidão Negativa, apenas Positiva com efeitos de Negativa, através de vias judiciais. 

Em resumo: ela é uma bomba-relógio prestes a explodir, ao que parece. 

Os compradores via internet estão correndo um risco tremendo - eu mesmo já faz um certo tempo que parei de comprar deles.

Eu sigo este professor no youtube que fez um vídeo legal dando um prévio parecer a partir das poucas informações que já foram divulgadas.


https://www.youtube.com/watch?v=EfeRpGJj2pM

Eu só fico imaginando uma coisa - o que garante que as demais contas estão certas? O que confirma estarem elas representando a situação patrimonial real da empresa?

Se erraram em uma coisa e não foi detectado pela auditoria, o que impede de outras também terem sido "chutadas"?, fechadas com o auxílio de "marreta"?

Vamos ver o que dirá o processo administrativo que será instaurado pelo CRC-RJ, segundo o CFC.

CFC - Nota de Esclarecimento

(editado)

Hoje, assisti a vários sabidórios dizendo uma porção de bobagens, inclusive o professor indicado pelo amigo, sem atentar para a gravidade do problema - resultado: uma dívida de R$ 40 bilhões, impagável, quase com certeza. Um aviso a todos, do alto de minha experiência de 50 anos: não vão atrás de corretores em tudo que eles dizem, eles são movidos a comissões. 

Eis a notícia

Sinceramente, não me parece que isso foi "malfeito", mas sim, intencional. Não existe auditoria que não consiga perceber que há uma falta tão grande numa empresa desse tamanho, ainda mais porque isso não é um valor irrisório que muitas vezes acaba realmente passando despercebido pelo olho mais desatento, tampouco algo que aconteceu do dia pra noite. Ainda que faltasse transparência da empresa na divulgação de dados para a auditoria, seria necessário um esquema enorme em várias pontas pra conseguir maquiar um buraco tão grande. 

O BTG parece que entrou na justiça contra a liminar que foi concedida para a Americanas. Parece que, existe cada vez mais indícios de que foi uma fraude realmente.

Com relação ao professor que citei, o mesmo enviou outro vídeo após a divulgação da videoconferência pelo Sergio Rial, e neste segundo vídeo, realmente ficou mais exposta a incoerência dos fatos. Mas sinceramente, achei que, apesar da forma calma que ele fala, me parece que passou a gravidade da situação, dado os esclarecimentos que ele passou sobre a brutal diferença que esta "inconsistência" ou fraude pode causar no Valuation e no risco de crédito da companhia, além de também orientar as pessoas a "não especular" neste momento.

De uma maneira geral, a maioria dos analistas que sigo recomendaram um afastamento da Americanas.

Uma possível explicação para a fraude seria não lançar (ou só lançar uma parte) as despesas financeiras quando da liquidação de empréstimos. Assim, o total de empréstimos ficaria bem baixo na contabilidade. Então, se houvessem sido lançadas, o buraco deles seria bem maior, o prejuízo mais alto etc, etc. Com a conivência de auditores é facílimo, não acham?

No empréstimo com juros pós se debitaria bancos e se creditaria financiamentos - até aí, tudo perfeito. Na liquidação se creditaria bancos e se efetuaria o lançamento total da dívida na conta financiamentos, o que forçaria valores baixo nela. 

E não se debitaria despesas com os juros etc, etc. A possível conivência com auditores deixaria tudo certinho, não se faria conciliação bancária da conta passiva etc, etc. 

Qualquer contador (desonesto, diga-se de passagem) faria isso aí facilmente - claro, repito, contando com a participação de diretores e auditores. 

Notem que usei o verbo no modo condicional, não estou afirmando que se passou dessa maneira. 

Pois é, precisamos nos atentar para este detalhe.

Levando em consideração este fato, também existe a discussão sobre possíveis rendimentos indevidos eventualmente recebidos pela diretoria, tendo em vista que muitas companhias pagam bônus de acordo com o resultado reportado. Se as investigações comprovarem que o resultado reportado estava indevidamente a maior (não reconhecendo despesas de juros) , então, é possível presumir que estes bônus também estariam. Obviamente é necessário que as investigações terminem para determinar culpa e dolo de cada um dos envolvidos.

Uma pergunta: quem garante não estar havendo o mesmo com Magazine Luiza e Casa Bahia (Via Varejo)?

Urge a instituição de um Tribunal de Contas de Empresas Privadas - em defesa de acionistas minoritários, os maiores prejudicados nessas safadezas. Minha opinião.

Boa noite!

Apesar do mercado de Perícia e Auditoria ser bem regulamentado e formado por profissionais qualificados, assim como toda área de atuação existem os bons e maus profissionais.
É por isso que devemos sempre buscar atualizações e conhecimentos novos.
Cursos e especializações são sempre bem aceitos:
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