De um lado, os protestos dos sindicatos que contestam o novo regime de mobilidade especial ou o reforço do horário de trabalho. Do outro, o ministro da Educação, que não abre mão destas medidas de reforma nem da data agendada para os exames, apesar da convocação de greve que pode comprometer o trabalho de milhares de alunos. Os dois extremos só se tocam num ponto: ambos se acusam mutuamente de estarem a lesar e degradar a escola pública.
Seja qual for o desfecho deste braço-de-ferro (mais um) entre docentes e ministério, pelo menos um impacto é garantido: desestabiliza os alunos que estão até ao dia do exame sem saber em que condições o vão fazer - ou, sequer, se o farão.
E, mesmo que o consigam, muitos poderão questionar se, em condições normais, teriam obtido resultados melhores. Quando alegam "eficácia" para justificar a marcação de uma greve nos dias de exames nacionais, os professores estão a proteger os seus direitos, mas a boicotar um dos seus deveres: garantir a melhor educação aos seus alunos.
A escola faz-se disso, de gente que ensina e de gente que aprende. E uma escola será tanto melhor quando maior for o empenho e investimento de quem passa conhecimento e de quem o recebe. Sabotar esse processo, paralisando-o ou usando-o como instrumento de uma guerra que é, mais do que tudo, política, é sabotar a Educação e o futuro do próprio ensino.
Um futuro que está agora refém de uma teimosia. Mas, da mesma forma que ninguém teima sozinho, também não pode haver cedências só de um lado para dar um passo em frente.
Fonte: Diário Económico