"Não será porque os americanos ou os europeus estão chateados que vamos modificar alguma coisa", afirmou.
Segundo ele, há um "jogo de empurra" na organização "que não traz resultados a ninguém", já que a saída é por meio de negociações.
A delegação brasileira apresentou ontem, em reunião na sede da OMC, respostas às críticas feitas por outros países em relação à sua política comercial. O encontro ocorre por conta da revisão do relatório da organização sobre o país, feita a cada quatro anos.
Mais de 40 delegações se manifestaram no encontro, que durou dois dias. União Europeia, Estados Unidos e Japão fizeram uns dos discursos mais enfáticos, com críticas à carga tributária, às exigências de conteúdo local e especialmente ao aumento das tarifas de importação.
O Brasil replicou afirmando que também tem "listas de pleitos" para cada uma das delegações e não se furtará em apresentá-las no futuro.
Afirmou ainda que "teria sido justo louvar o país pelos diversos segmentos onde a tarifa [de importação] foi reduzida" e que "se a Rodada Doha tivesse sido concluída, as tarifas não teriam subido" -em referência às negociações multilaterais conduzidas pela OMC, que deveriam ter sido finalizadas em 2006.
O embaixador Estivallet de Mesquita disse que o Brasil tem espaço para até aumentar suas tarifas sem desrespeitar o teto imposto pela OMC e que só baixará alíquotas quando outros o fizerem.
Sobre a burocracia na alfândega brasileira, muito criticada no encontro, ele afirmou que o governo brasileiro reconhece a necessidade de melhorias. Disse, contudo, que houve avanços.
"Somos um país em desenvolvimento. Não dá para esperar um desempenho de portos de Roterdã. O ritmo de avanço tem sido constante."
Em seu discurso, o Brasil se furtou a fazer comentários sobre os regimes tarifários especiais, que, segundo os parceiros do país, dão vantagens a companhias locais.
"Estamos tranquilos em relação à compatibilidade dos regimes com as regras da OMC. Mas nunca se pode garantir que o vizinho não nos processará porque não gosta do muro do nosso jardim", ponderou o embaixador.
Para ele, os parceiros comerciais do Brasil estão mais entusiasmados com a economia do país do que deixam transparecer. "Jamais vão dizer que estamos de parabéns. Também não fazemos isso."
Fonte: Folha de São Paulo