Fazendo uma análise dos últimos dados referentes aos investimentos na educação em nosso país, de acordo com a pesquisa de Naercio Menezes, do Insper, ter maiores gastos na educação não necessariamente significará uma melhora na qualidade da mesma.
Em Sobral, interior do Ceará, um aluno da escola pública custa metade que um estudante da rede municipal de São Paulo e ainda sabe mais matemática e português no 5º ano do ensino fundamental, de acordo com avaliações recentes do governo federal.
Enquanto Sobral gasta em média R$ 3.100 por aluno, na cidade de São Paulo o estudante chega a custar R$ 6.000. Esse é um exemplo de que investimento não é tudo.
Para o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, o "dinheiro para a educação é importante, mas não adianta dobrar os investimentos e não melhorar a gestão dos recursos".
Em discussões realizadas, o governo cogitou a possibilidade de destinar 100% dos royalities gerados pelos campos de petróleo do pré-sal à educação. Em outro debate realizado, houve uma proposta para aumentar os investimentos do setor público com educação de 5,3% do PIB (Produto Interno Brito) para 10%. Atualmente, o nível atual de gastros é próximo ao patamar de 5,4% do PIB registrado pelos países da OCDE.
De acordo com os pesquisadores, as principais falhas na área da educação no Brasil estão relacionadas à má distribuição e à gestão ineficiente dos recursos.
Gasta-se mais com estudantes universitários do que com alunos da educação infantil, sendo estes os que mais precisam de investimentos.
Segundo o economista Cláudio Ferraz, da PUC-Rio, a má gestão e a corrupção têm forte impacto no rendimentos escolar.
"Os investimentos são importantes. Mas não adianta aumentar os recursos aplicados em educação antes de atacar esses problemas", diz.
Fonte: Folha de São Paulo