Além de ouvir inquietações, o governo quer convencê-los de que, apesar do desconforto gerado pela piora do cenário internacional, o Brasil poderá até mesmo se beneficiar da depreciação do real.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, encabeçam a ofensiva. Tombini tem conversado com formadores de opinião no mercado financeiro. Depois de presidentes de bancos estrangeiros, Mantega encontra hoje empresários e investidores.
À Folha, ele argumentou que quer deixar claro a visão do governo sobre o cenário externo. "É um momento volátil. É papel do governo esclarecer o que está acontecendo."
Na avaliação de Mantega, o Brasil estava "numa trajetória boa" de recuperação, que mudou em junho com as turbulências externas -provocadas, sobretudo, pela ameaça do governo dos Estados Unidos de reduzir os estímulos à economia local.
"Isso tirou um pouco a confiança dos mercados", admite. Ao mesmo tempo, como o governo quer deslanchar uma agenda importante de concessões de rodovias, portos, aeroportos e ferrovias, é preciso "estimular" o setor.
O recado de Mantega enfatizará dois pontos. O primeiro é que, apesar da turbulência, o cenário nos EUA é de crescimento, o que estimula a economia no resto do mundo.
O segundo é que investidores estão se adaptando a um novo nível de rentabilidade dos títulos americanos, o que gera desvalorização de várias moedas, incluindo o real.
No entanto, Mantega ressalta que a piora que o câmbio pode trazer para a inflação pode ser neutralizada pela desaceleração na China, que reduz o preço dos insumos, favorecendo as importações.
"Se conseguirmos neutralizar a pressão inflacionária por causa do câmbio, teremos um impacto positivo e melhora da competitividade das manufaturas brasileiras."
Fonte: Folha de São Paulo