O Banco Central (BC) anunciou nesta sexta-feira a liquidação extrajudicial do Banco Rural e suas coligadas. Em ato assinado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, a autoridade monetária aponta que tomou tal decisão considerando o comprometimento da situação econômico-financeira da instituição, a existência de graves violações às normas legais e estatutárias que disciplinam sua atividade e a ocorrência de sucessivos prejuízos que sujeitam a risco anormal seus credores quirografários.
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa do BC, também é apontada como motivo para a liquidação a falta de um plano viável para a recuperação da situação do banco.
A data de liquidação considerada do Rural, banco com sede em Belo Horizonte, é 3 de junho de 2013. Foi nomeado como liquidante Osmar Brasil de Almeida.
O banco esteve envolvido no escândalo do mensalão, acusado de oferecer empréstimos fictícios que beneficiaram o PT e possibilitariam a compra de votos no Congresso Nacional. O ex-vice-diretor do Banco Rural, José Roberto Salgado, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 16 anos e oito meses de prisão. Também foram condenados a ex-dirigente Kátia Rabelo e o vice-presidente Vinicius Samarane. Aynaa Tenório, então diretora do banco, foi absolvida.
Ainda de acordo com a nota, o ato abrange, por extensão, as demais empresas do Conglomerado Financeiro Rural: o Banco Rural de Investimentos S.A.; o Banco Rural Mais S.A.; o Banco Simples S.A.; e a Rural Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.
De acordo com o BC, em março de 2013, o Conglomerado Financeiro Rural detinha apenas 0,07% dos ativos e 0,13% dos depósitos do sistema financeiro.
O Banco Central diz, em nota, que tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais de supervisão do sistema financeiro. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Estão indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição.
Em nota, os controladores do Banco Rural informaram que ficaram surpreendidos com a decisão do Banco Central e que vão estudar as medidas cabíveis frente a esse novo contexto
Fonte: valor economico