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Produtividade é desafio para manter crescimento

Para retomar taxas mais significativas de crescimento nos próximos anos, o país dependerá crescentemente da expansão de sua eficiência produtiva.

21/08/2013 11:18

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Produtividade é desafio para manter crescimento

Além do contexto internacional de incertezas e da baixa taxa de investimento, o desempenho da economia brasileira já começa a enfrentar um desafio adicional: a contribuição dada pela incorporação de novos trabalhadores ao mercado mostra esgotamento.

Para retomar taxas mais significativas de crescimento nos próximos anos, o país dependerá crescentemente da expansão de sua eficiência produtiva. E, neste ponto, emerge um gargalo: “A produtividade do trabalho tem mostrado crescimento historicamente baixo nos últimas três décadas. Embora mais elevadas de 2001 a 2011, permaneceram inferiores à taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) per capita”, afirma Fernanda de Negri, diretora de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

 A conclusão integra os resultados de uma pesquisa a ser divulgada por pesquisadores do Ipea em setembro. “O foco em políticas de elevação da produtividade da economia é decisivo de agora em diante”, acrescenta Fernanda, uma das autoras do estudo, que examinou a evolução dos indicadores de produtividade no Brasil, em especial a produtividade do trabalho e seus componentes.

Os pesquisadores do Ipea fizeram a decomposição do crescimento do PIB per capita entre 1992 e 2011 nos seus três fatores constituintes: crescimento da produtividade do trabalho (PIB sobre pessoal ocupado); crescimento da taxa de ocupação (número de ocupados em relação à população economicamente ativa); e taxa de participação da população economicamente ativa na população total. Os dois últimos refletem fortemente a inclusão de mão de obra no mercado de trabalho.

De 2001 a 2009, quase metade do crescimento do PIB per capita anual médio (48,79%) resultou da incorporação de parte do contingente de população ao mercado de trabalho — ou seja, do aumento das taxas de ocupação e participação. Para o período de 2001 a 2011, que incorpora mais dois anos à média, os pesos desses dois indicadores caem para 12,21% e 17,16% respectivamente (tabela). A integração de novos contingentes populacionais ao mercado de trabalho e a redução dos níveis de desemprego passam a explicar, portanto, 29,37% do crescimento do PIB per capita. “Não são esperadas contribuições significativas das taxas de ocupação e participação nos próximos anos. Assim, a manutenção de taxas de crescimento do PIB per capita só poderá ser alcançada se houver um crescimento representativo da produtividade”, reitera Fernanda.

Ganhos de produtividade no trabalho são obtidos a partir da melhoria da qualidade da mão de obra – investimentos em treinamento e educação básica, aí incluídos os ensinos fundamental e especialmente o médio - e investimentos em tecnologia e inovação. São fatores que, junto com a falta de infraestrutura, puxam o Brasil para baixo nos rankings mundiais de competitividade. Além das questões de infraestrutura. “Avançou-se muito nos investimentos em P&D no Brasil. No entanto, ainda apresentamos uma baixa taxa de inovação, por exemplo”, observa a pesquisadora.

Ao examinar a produtividade do trabalho no setor industrial, a pesquisa do Ipea aponta que é a indústria de transformação (que inclui têxteis, fármacos, alimentos, metalurgia e eletrônicos, entre outros) a que mais preocupa. Tomando-se como indicadores as Contas Nacionais, a produtividade média anual deste segmento mostra queda de 0,8% para o período de 2000 a 2009, contra um aumento de 2% na produtividade da indústria extrativa (que inclui a extração de petróleo, gás natural e minérios). Considerando-se relação entre a produção física obtida pelo IBGE na Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) e as horas pagas, os dois segmentos mostram produtividade positiva, mas, ainda assim, a indústria de transformação tem desempenho inferior.

O próximo passo dos pesquisadores do Ipea é tentar contribuir com um diagnóstico mais preciso a respeito da produtividade do capital. Está em andamento uma segunda pesquisa, junto aos empresários, com o objetivo de entrar nos detalhes sobre as causas para a baixa produtividade.

Sonia Figueiras

Fonte: Brasil Econômico

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