De acordo com Neri, que também é presidente do Instituto do Ipea, o país está próximo do pleno emprego e precisa ganhar mais produtividade para garanir o crescimento sustentável. “Agora quase todo o aumento da renda trabalhista vem pelo efeito salário com redução na quantidade de trabalho. Isso pode ser um sinal de limite, talvez torne a sociedade menos competitiva.”
O relatório faz parte da Conferência Internacional sobre Sustentabilidade e Promoção da Classe Média que começou hoje e reúne durante três dias representantes de organismos internacionais para debater o tema, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Banco de Desenvolvimento da Ásia e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Neri ressaltou que o crescimento inclusivo do país e a diminuição das desigualdades foram expressivos, de 2001 a 2011. “A renda dos mais pobres cresceu 85% entre 2001 e 2011, sendo mais da metade desse crescimento proveniente do aumento da renda do trabalho [55%]”, disse. Apesar disso, o ministro lembrou que os ganhos da renda média vêm crescendo em ritmo menor nos últimos meses, que chegou a 3,32% em agosto passado, ante 5,2% em fevereiro.
Outro problema identificado pelo estudo, que usou dados da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (Pnad), é a alta rotatividade nos postos de trabalho no Brasil no setor formal. Entre os quem têm renda até dois salários mínimos essa realidade é mais frequente. “Como os postos são poucos estáveis, isso inibe o investimento das empresas no trabalhador e do trabalhador nas empresas”, declarou.
Fonte: Tribuna do norte