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Mais dinheiro fica parado nas contas

Mais dinheiro está parado na conta corrente dos brasileiros. Dados do Banco Central mostram que o saldo do depósito à vista avançou 11,7% em 12 meses, até agosto, somando R$ 157,5 bilhões.

01/10/2013 09:15

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Mais dinheiro fica parado nas contas

Mais dinheiro está parado na conta corrente dos brasileiros. Dados do Banco Central mostram que o saldo do depósito à vista avançou 11,7% em 12 meses, até agosto, somando R$ 157,5 bilhões. O número supera a inflação do período, de 6,09%, e até a expansão nominal de 7,1% do salário dos trabalhadores, o que tem chamado a atenção.

Executivos de bancos atribuem o movimento a dois fatores: juros historicamente mais baixos e menor comprometimento da renda mensal das famílias com dívidas.

A tradicional política dos bancos de direcionar recursos da conta corrente para a poupança ou para depósitos a prazo também pode ter mudado. Com menor apetite por crédito, os bancos podem preferir agora deixar mais recursos da clientela parados na conta. Captações via depósito a prazo, como o Certificado de Depósito Bancário, exigem que o banco pague remuneração.

Outro fator está relacionado à taxa básica de juros. Em um dígito desde março de 2012 - apesar da recente alta -, a Selic tem contribuído para empresas e pessoas deixarem recursos na conta. É o chamado custo de oportunidade. Se o dinheiro vai ficar parado na conta por pouco tempo, será que vale o esforço de aplicá-lo?

"Pelo fato de a aplicação estar rendendo menos, tirou-se a urgência de se aplicar. Antes compensava mais aplicar qualquer coisa", diz Edmar Casalatina, diretor de empréstimos do Banco do Brasil (BB). Esse comportamento tem sido notado com mais intensidade entre os clientes do BB na faixa de renda superior a R$ 4 mil. Em 12 meses acumulado até junho, os depósitos à vista no banco tiveram expansão de 19,2%, para R$ 72,2 bilhões.

Em alguns bancos, o crescimento dos depósitos à vista é ainda mais alto. No Itaú Unibanco, alcançou 23%, com R $ 38,7 bilhões em junho. No Bradesco, a elevação foi de 12,5%, para R$ 36,6 bilhões, e no Santander, de 12%, para R$ 13,4 bilhões. Só na Caixa Econômica Federal a expansão ficou abaixo da inflação e do crescimento da renda, subindo 5,3%.

Outro ponto relatado pelos bancos para haver mais dinheiro parado na conta está relacionado ao endividamento. O comprometimento mensal das famílias com dívidas financeiras ficou em 21,5% em julho deste ano, com queda de 1,24 ponto percentual na comparação com igual período de 2012.

Sem direcionar parte da renda mensal para compromissos financeiros, como crediário ou cheque especial, sobra mais dinheiro na forma de depósito à vista. "Percebemos que as pessoas estão um pouco mais cautelosas na hora de contrair dívidas", afirma Nilo Carvalho, diretor de produtos do Santander Brasil.

Não são só as pessoas que estão deixando mais dinheiro na conta corrente. "Vemos que as empresas estão revendo suas decisões de investimento, preferindo ficar mais líquidas", diz o diretor de um banco estrangeiro de varejo.

Em cada banco, algumas peculiaridades também contribuem para a abundância de recursos na conta. O Banco do Brasil relata que ganhou 2,2 milhões de novos correntistas nos últimos 12 meses. O Santander diz que mais clientes passaram a concentrar no banco seus rendimentos. Todos os bancos relatam, porém, que nem a bancarização nem o ganho de clientela explicam 100% do movimento.

Para os bancos, a maior captação via conta corrente significa um funding mais barato, já que depósitos à vista não são remunerados. Mas há inconvenientes. A cada R$ 100 que entram nas contas, R$ 44 não podem ser usados pelos bancos. São recolhidos pelo Banco Central (BC), na forma de depósito compulsório. Outros R$ 36 precisam ser direcionados para o crédito rural ou para o microcrédito. No fim, ficam livres para os bancos apenas R$ 20.

Mesmo assim, a instabilidade criada pelos depósitos à vista, que podem ser sacados a qualquer momento, criam algum tipo de instabilidade para os bancos. "Não é um tipo de recurso que pode ser usado para qualquer modalidade de crédito", afirma Casalatina, do BB.

Contas correntes mais polpudas estão longe de significar que as pessoas estão sacando recursos de suas aplicações. Em agosto, a poupança fechou com uma captação líquida positiva de R$ 48,4 bilhões no acumulado de 12 meses. Em igual intervalo, a captação menos o resgate dos fundos de investimento ficou positiva em R$ 111,7 bilhões.

Carolina Mandi

Fonte:Valor Economico

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