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No campo das finanças, a regra do jogo é aprender

A tolerância ao risco é um fator importante no momento da escolha dos investimentos. E o benchmark é um ponto de referência para avaliar o desempenho dos investimentos.

11/11/2013 06:10

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No campo das finanças, a regra do jogo é aprender

A tolerância ao risco é um fator importante no momento da escolha dos investimentos. E o benchmark é um ponto de referência para avaliar o desempenho dos investimentos. Ambos os conceitos do universo das finanças podem não estar na ponta da língua de muita gente, mas estão dentro de uma partida de futebol virtual – no jogo Bate-Bola Financeiro, da bandeira de cartões Visa em parceria com a FIFA. Existente desde 2009 como parte do programa de educação financeira da empresa, o Finanças Práticas, o jogo está disponível na internet e permite que o participante escolha a seleção do país que quer representar e a de seu oponente para jogar uma partida no computador. Com a proximidade da Copa do Mundo, a expectativa é que o jogo continue atraindo a audiência de pessoas de todas as idades. 
 
A cada passe, drible e chute o participante escolhe se quer responder a uma pergunta de finanças que seja de grau de dificuldade fácil, médio ou difícil. Quanto mais longo o passe que o participante quiser fazer no jogo, mais difícil será a questão que terá de responder. As perguntas são de múltipla escolha e envolvem desde os conceitos de finanças mais avançados, até os mais simples e cotidianos, relacionados à fatura do cartão de crédito, senhas e mesmo ao orçamento. Quem dá a resposta errada ou não for rápido ao fazer isso, perde a bola para o adversário. Segundo a empresa, há mais de mil perguntas diferentes, distribuídas nos três graus de dificuldade.
 
Sabrina Sciama, diretora de relações corporativas da Visa do Brasil, diz que o jogo foi adaptado do Financial Football, que faz parte do programa de educação financeira da empresa nos Estados Unidos. Ela conta que o trabalho já teve diversos parceiros no Brasil e foi disseminado para escolas e Organizações Não-Governamentais (ONGs), onde já foram distribuído quase 30 mil CDs para crianças. "Percebemos que o jogo tem apelo grande entre a garotada, pois ensina educação financeira de maneira lúdica e sem aquele tom de palestra e de aula", conta Sabrina. Ela diz que o jogo também é aplicado para jovens e crianças após as peças de teatro do programa de educação financeira da bandeira. A ferramenta acaba testando se eles absorveram as dicas de educação financeira transmitidas durante a peça. 
 
Difícil é saber se os conceitos ficam fixados na cabeça dos jovens, já que o jogo mostra a resposta correta quando há erro. Mas Sabrina lembra que há uma parte de "aquecimento", antes do jogo, que traz definições e conceitos para o participante estudar antes de iniciar a partida. "Indicamos aos pais e professores que façam o download do PDF para os jovens. Nele, há explicações sobre o que é poupança e a importância de manter o nome limpo, por exemplo".  A nova versão do jogo, lançada na semana passada, inclui videoaulas com técnicas de humor ministradas pelos apresentadores esportivos Paulo Soares e Antero Greco. Os vídeos estarão disponíveis no Youtube em janeiro de 2014. "A proposta é que os jogadores possam testar os conhecimentos de forma ainda mais divertida", explica a diretora. 
 
Para Fabio Gallo, professor do Departamento de Contabilidade, Finanças e Controle da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), não há nenhuma comprovação científica de que jogos realmente ensinam. No entanto, o professor concorda que o caminho para que o tema se desenvolva passa por uma ação lúdica. "Acredito que jogo seja parte de uma solução para a educação financeira, embora ainda haja muitas incertezas no meio acadêmico. Ainda estamos no começo. O que acho importante é que a educação não seja confundida com a autoajuda financeira", diz. O professor é autor de um programa de cursos de educação financeira à distância, que podem ser acessados no próprio site da FGV. Divididos em módulos, os cursos trazem conteúdos e testes com uma abordagem parecida a de um diálogo. "É o primeiro passo para se chegar a um jogo com personagens e que induza ao raciocínio", diz. 
 
Adulto também pode Conhecimento sobre finanças não depende de idade. A diretora da Visa conta que, na primeira versão do Bate-Bola Financeiro (de 2009), o participante tinha de escolher o grau de dificuldade de acordo com a idade que tinha, ou seja, se de 10 a 14 anos,  de 15 a 18 anos ou desta idade para cima. Esse critério foi deixado de lado na versão atual porque o conhecimento sobre finanças pessoais pode ser maior ou menor, independentemente da idade. "Hoje é um jogo para maiores de dez anos e adultos sem limite de idade. Basta gostar de futebol e querer aprender de forma divertida", finaliza Sabrina.
 
Zagueiro, investidor  e conselheiro

Paulo André Cren Benini, zagueiro do Corinthians conhecido como Paulo André, já transitou pelo mundo das artes plásticas, escreveu um livro, tem seu próprio instituto e, mais recentemente, integrou o movimento Bom Senso F.C. que defende melhores condições de trabalho para o jogador de futebol brasileiro. No meio de tantas atividades, ele cuida dos seus investimentos e dá conselhos financeiros aos atletas com quem convive, já que é interessado pelo assunto desde os 14 anos de idade.
 
Embaixador do jogo Bate-Bola Financeiro, da Visa e FIFA, o zagueiro diz que começou a poupar desde seu primeiro emprego, no Infantil do São Paulo Futebol Clube. "Eu tinha muito medo de chegar aos 20 anos e descobrir que não daria certo ser jogador de futebol. Eu teria de começar tudo de novo, e fazer uma faculdade", lembra. O medo foi o maior motivador para a sua poupança, junto com o apoio da família. Aos 30 anos de idade e a  três anos da aposentadoria, Paulo André diz que está tranquilo com o seu futuro. Em entrevista, conta sobre como começou a  investir e a influenciar os colegas de campo. 
 
Diário do Comércio – Como começou o seu desejo de poupar?
Paulo André – Eu sai de casa aos 14 anos para jogar por uma ajuda de custo de R$ 50. Depois, o valor subiu para R$ 120 e chegou até R$ 350. Eu morava em um alojamento, no qual eu tinha alimentação. O máximo que eu e meus colegas fazíamos era ir ao shopping para tomar uma casquinha ou comer um lanche. Era possível poupar desde que não comprássemos roupa ou tênis.  Eu achava fundamental guardar dinheiro porque sentia que valia a pena o desafio que assumi, que era o de ser jogador de futebol. 
 
DC – Quando entrou em outro tipo de aplicação depois da poupança?
PA  – Eu guardei dinheiro na poupança até acumular R$ 4 mil. O meu irmão, que já aplicava em renda variável, abriu uma conta em uma corretora em meu nome e investiu esse valor em ações. Era 2001 e, um ano depois, consegui dobrar o capital e, com o recurso, comprar um carro. Depois, o meu salário melhorou e fui ao banco para escolher aplicações, com a ajuda do meu irmão.  
 
DC – Em 2008 você teve uma lesão e ficou sem jogar na França. Como driblou esse período de crises, tanto na sua carreira quanto no mercado financeiro?
PA  – Eu tinha 35% dos meus investimentos em ações e perdi a metade do valor no mercado financeiro naquele ano. Como era um período em que estava afastado e não podia jogar, decidi estudar o assunto. Eu li livros para aprender a fazer a análise gráfica. Comecei a observar os preços mínimos e máximos de ações e descobri que, na verdade, aquele período era bom para comprar. Eu vendia no mesmo dia e conseguia ganhar dinheiro.  
 
DC – Como está a diversificação da sua carteira de investimentos?
PA –  Hoje quem cuida das minhas aplicações é uma gestora de patrimônio. Tenho 15% em renda variável, um pouco em aplicações no exterior, LCA (Letra de Crédito Agropecuário), títulos públicos, debêntures e crédito privado. Investi em fundo cambial e consegui pegar a alta do dólar. 
 
DC – Que tipo de conselhos você já deu para seus colegas jogadores?
PA – Disse para eles não colocarem todos os ovos na mesma cesta. E também para negociarem as taxas de administração com os bancos. Ensinei eles a desconfiarem de aplicações recomendadas por gerentes de banco.  Aconselhei a buscarem um profissional para estruturar seus investimentos. Muitos preferem ouvir amigos e têm uma crença forte em imóveis. Alguns sustentam a família, a da esposa e quase o bairro todo.  Só que uma hora a fonte de recursos vai secar e todos estarão dependendo dele.

Fonte: Diário do Comércio – SP

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