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Cursos sob medida para empresas ganham fôlego

Alberto Torres, diretor da Bunge: visão holística do mundo dos negócios

28/11/2013 21:28

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Cursos sob medida para empresas ganham fôlego

O pernambucano Alberto Torres trabalha há duas décadas, desde que se formou engenheiro químico pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Bunge Brasil, uma das maiores tradings globais que, no país, atua nas áreas de agronegócio, fertilizantes, açúcar e bioenergia, e alimentos e ingredientes. A múlti foi o primeiro emprego de Torres, mas todo esse tempo em uma única empresa está longe de ser interpretado como uma carreira monótona.

Aos 43 anos de idade, Torres, que é diretor comercial de alimentos e ingredientes, fez MBA em marketing, se dividiu entre Santa Catarina e São Paulo, Estado onde trabalha, mas fez um curso (Leadership Development Program, mais conhecido como LDP) que classifica como vital para sua trajetória profissional.

Foi por meio dele que passou a ter a tão comentada visão "holística" no mundo dos negócios, quando o executivo consegue compreender toda a empresa como uma imagem única e não somente a parte na qual trabalha. Também foi fundamental para ele conciliar as metas por resultados com a habilidade de lidar com pessoas, além de ter gestão estratégica. "Hoje sou mais tranquilo para entender o outro lado. Isso ajuda a estabelecer uma relação de confiança e administrar melhor", afirma.

O LDP é proveniente de um curso montado pela Fundação Dom Cabral (FDC), em Belo Horizonte, especificamente para a Bunge. Esse modelo de parceria resulta na criação de cursos customizados (conhecidos como "in company") criados por diferentes instituições para cada empresa, levando-se em consideração a história e a atuação dela no mercado. "Não há um pacote pronto. Cada curso é montado de acordo com o desejo, as estratégias e as dificuldades das companhias", explica Antônio Batista, diretor de mercado da Dom Cabral.

A expertise nesses cursos personalizados fez com que a instituição ocupasse o 16º lugar no ranking dessa categoria do jornal britânico "Financial Times" este ano. O Insper ficou em 36º posto, reforçando a participação de duas escolas brasileiras entre as 50 melhores do mundo em educação executiva. A primeira colocada é a americana Duke Corporate Education.

Segundo Batista, a fundação põe em prática em torno de 300 projetos por ano para grandes corporações (equivale ao treinamento de 20 mil executivos) por meio de programas que podem ter duração de três dias ou dois meses. Dependendo do acordo, as aulas podem ser ministradas na instituição ou nas próprias instalações da empresa.

"Há dez anos temos parceria com a Dom Cabral para o curso batizado de LDP, direcionado para a alta liderança da empresa", informa Marisa Thurler, diretora de Desenvolvimento e Gestão de Talentos da Bunge Brasil.

Para Luca Borroni, diretor de educação executiva do Insper, em São Paulo, o trunfo dos cursos "in company" em relação aos "abertos" está no auxílio às empresas para discutir e resolver questões práticas. "Mas isso não implica que as empresas deixam de ser induzidas a trabalhar com planejamento de mais longo prazo", informa. Nos treinamentos de longa duração, os executivos utilizam seus trabalhos de conclusão de curso (TCCs) para diagnosticar e implementar ideias e mudanças nas organizações em que atuam.

Nelson Veiga Neto, superintendente executivo de rede do banco Santander, em São Paulo, deixou uma rotina pesada de viagens pelo menos uma vez por semana durante nove meses, para encarar uma carga horária de dez horas de aula por dia na sede do instituto. Para ele, o Master em Gestão de Negócios (MGN) foi imprescindível para seu trabalho de atendimento às agências de todo o país.

No currículo, além de disciplinas que envolviam liderança, gestão de processos, macro e microeconomia, o diferencial para seu dia a dia foi reconhecer a importância do coaching para si próprio e para sua equipe. Segundo Veiga Neto, o método que consiste em levar o profissional a avaliar a sua atuação, fez com que ele induzisse o seu time a fornecer mais decisões.

Conforme Borroni, há uma década o Insper atende à demanda das empresas por meio dos programas customizados. O instituto promove em torno de 20 cursos por ano e atende 3.500 alunos. Para ele, as vantagens dos "in company" são alinhar conteúdo com as necessidades e as expectativas da empresa, já que a instituição escolhida só é contratada se formatar o programa de acordo com a encomenda. "O aluno entra mais em contato com a estratégia, a cultura e o mercado da empresa", diz. Porém, para evitar que o curso tenha somente a visão "interna" da companhia, são convidados professores com atuação no mercado para programas específicos.

Essa dinâmica foi um dos pontos mais empolgantes na opinião de Flavio Bergamim, gerente geral de marketing da Gerdau, que fez um MBA executivo customizado pelo Insper para a siderúrgica - o Gerdau Business Program (GBP). Engenheiro civil de formação, Bergamim trabalha há 30 anos na empresa e hoje ocupa o cargo executivo da área de marketing.

Do lado pessoal, Bergamim acredita que seu enfoque de liderança também se transformou. Esse reconhecimento é bastante útil na hora de distribuir as tarefas", avalia. Denise Casagrande, diretora de Desenvolvimento de Pessoas da empresa. Ela diz que alguns módulos são feitos em universidades como a Insead, na França, e a Darden, nos Estados Unidos.

Fonte: Valor econômico

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