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Fraude com senhas clonadas causa prejuízo milionário em Florianópolis

Valor total envolvendo 500 operações irregulares é desconhecido. Senhas de servidores foram clonadas para cometer irregularidades.

10/12/2013 08:15

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Fraude com senhas clonadas causa prejuízo milionário em Florianópolis

Senhas de funcionários públicos de Florianópolis foram clonadas e utilizadas em mais de 500 operações irregulares, entre elas cancelamento de dívidas do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), conforme mostrou a reportagem do Estúdio Santa Catarina deste domingo (8) (veja vídeo ao lado). As primeiras suspeitas de fraude surgiram há um ano e meio e o prejuízo aos cofres públicos já é milionário.

Há sete meses, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) assumiu a investigação do golpe. O delegado responsável pelo caso preferiu não gravar entrevista, mas afirmou que é mais difícil chegar aos envolvidos por se tratar de um crime eletrônico. O inquérito deve ser concluído nas próximas semanas.

Os funcionários do Pró-cidadão, órgão que concentra os atendimentos feitos pela prefeitura de Florianópolis, perceberam operações irregulares com suas senhas pessoais. Eles descobriram que um programa espião havia sido instalado nos computadores para clonar senhas e registraram boletins de ocorrência. A reportagem mostra que senhas clonadas permitiram que os criminosos tivessem acesso ao sistema tributário de Florianópolis e que se apropriassem de áreas do município, como revela um supervisor que não quis se identificar.

Dívida de R$ 215 mil de terreno na Lagoa da Conceição
desapareceu do sistema (Foto: Reprodução/RBS TV)

Diversas irregularidades foram constatadas pelos servidores. Uma área, na região da Lagoa da Conceição, tinha uma dívida de R$ 215 mil, que desapareceu em novembro de 2012. Outro terreno, no bairro Campeche, teve seis anos de  IPTU cancelados. Um complexo esportivo na SC 405, no Sul de Florianópolis, os criminosos tiraram do sistema da Prefeitura dívidas relacionadas a taxas de funcionamento de três anos. A equipe de reportagem conversou com o proprietário do complexo, que não quis gravar entrevista, mas explicou que foi procurado por pessoas que se diziam ligadas à prefeitura. Segundo ele, eles ofereceram a quitação da dívida por um valor bem menor do que a dívida e ainda entregaram os comprovantes de pagamento.

Em um levantamento preliminar feito pelos próprios supervisores, cerca de 500 operações foram feitas pela quadrilha no Pró-Cidadão.O valor total é desconhecido, no entanto, de acordo com as informações dos servidores que tiveram as senhas clonadas, pode-se afirmar que a fraude é milionária  e que os golpistas têm conhecimento do sistema tributário, por isso agem rapidamente. "Em doze minutos, eles cancelaram cerca de RS 600 mil. Tem dez imóveis envolvidos e uma empresa", diz o funcionário do Pró-Cidadão.

A prefeitura tenta resolver o caso há mais de um ano, mas não sabe quem são os responsáveis pela fraude. "Surpreendente e triste ao mesmo tempo. Se realmente ocorreu, vamos identificar as pessoas e punir", explica  André Luiz de Resende, Secretário Municipal da Fazenda.

Segundo o procurador geral do município, Júlio Cesar Marcelino Júnior, foram abertas sindicâncias e operações desde que a operação foi descoberta. "O caso foi levado à polícia para investigação, apuração e punição dos suspeitos. Todas as senhas são alteradas periodicamente. Os suspeitos foram afastados das suas funções, aguardando até posicionamento da polícia", detalha o procurador.

A investigação feita pela DEIC ou os procedimentos administrativos da prefeitura não intimidaram a quadrilha, que continuou agindo. A equipe da RBS TV teve acesso a um documento, o qual identifica que o esquema pode estar acontecendo desde 2011.

"Quando estes recursos não entram, deixam de entrar por uma forma fraudulenta no erário público, eles atingem a cada um de nós, de uma forma mais direta, menos direta, até o próprio fraudador", afirma George Richard Daux, presidente da Comissão de Moralidade Pública da OAB/SC.

Enquanto os responsáveis não são descobertos, os funcionários do Pró-Cidadão trabalham em clima de desconfiança. "Estou virando piada. As pessoas chegam lá e perguntam se tem alguém que quer cancelar a dívida", diz o funcionário. O supervisor completa: "É preocupante porque hoje eu não tenho confiança no meu colega ao lado".

Fonte: G1

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