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Dívida em moeda externa de empresa emergente preocupa

O alto endividamento em moeda estrangeira de empresas de países emergentes como o Brasil é preocupante,podendo tornar as companhias vulneráveis à desvalorização das divisas locais, alerta o InstitutoInternacional de Finanças.

10/01/2014 12:26

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Dívida em moeda externa de empresa emergente preocupa

O alto endividamento em moeda estrangeira de empresas de países emergentes como o Brasil é preocupante, podendo tornar as companhias vulneráveis à desvalorização das divisas locais, alerta o Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), associação que reúne os principais bancos do mundo.

Segundo relatório do IIF divulgado ontem, essas empresas podem sofrer com a desvalorização do câmbio, caso não sejam capazes de gerar receitas suficientes em moeda estrangeira.

Os débitos das empresas brasileiras denominados em divisas externas estão em US$ 287 bilhões, o equivalente a 12% do PIB, de acordo com o IIF. Os números também são altos em outros emergentes. Na Turquia, o endividamento em moeda estrangeira é de US$ 17 2 bilhões, ou 22% do PIB; na Índia, de US$ 370 bilhões, ou 20% do PIB; na China, atinge US$ 800 bilhões, ou quase 10% do PIB. Os dados são do segundo trimestre de 2013.

O diretor-gerente-executivo do IIF, Hung Tran, diz que esse é um ponto a se prestar atenção, sendo fundamental analisar com cuidado se há descasamento de moedas entre receitas e dívidas das companhias.

Os números gerais de endividamento em divisa estrangeira não permitem esse tipo de avaliação mais detalhada.

O IIF observa que, no caso dos países emergentes, o crescimento das dívidas foi liderado pelo setor privado, diferentemente do que ocorreu nas economias desenvolvidas, onde o endividamento do setor público explodiu após a crise. Nos emergentes, o aumento dos débitos não ocorreu apenas após a turbulência que começou em 2007 e se agravou em 2008, "mas em muitos casos começou mais de uma década atrás". Muitas dessas nações iniciaram o processo com baixo nível de endividamento, mas, depois de um longo período de expansão robusta, a dívida do setor privado está na casa de 7 8% do PIB, "não muito diferente dos Estados Unidos, embora ainda abaixo dos 103% do PIB da zona do euro".

Um ponto preocupante, na visão do IIF, é justamente a acumulação do nível elevado de dívida em moeda estrangeira ter ocorrido "apesar do crescimento recente de emissões de bônus em moeda local". Esse aspecto ganha relevância num cenário em que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começou a reduzir os estímulos monetários.

Para Tran, a reação do mercado à decisão do Fed de diminuir o ritmo de compra de ativos, anunciada em dezembro, sugere que as moedas emergentes tendem a ter um comportamento mais tranquilo do que o registrado depois de maio, quando Ben Bernanke indicou pela primeira vez a disposição de reduzir as aquisições de títulos do Tesouro e papéis lastreados em hipotecas. Naquele momento, as divisas de países como o Brasil sofreram desvalorizações expressivas.Nas contas do IIF, a dívida global total, incluindo débitos públicos e privados, está em US$ 233 trilhões, ou 313% do PIB do mundo. Uma das implicações desse alto endividamento é a menor capacidade de conseguir novas dívidas, pelo menos no mesmo ritmo, no futuro. Ao mesmo tempo, um volume maior de débitos é necessário para ajudar a gerar uma dada unidade do PIB, "um fenômeno observado tanto em economias maduras e emergentes, relacionadas com a decrescente produtividade marginal do capital e o maior uso de dívidas para bancar o investimento em ativos financeiros", segundo o IIF.

Essas duas tendências, aponta a entidade, representam "um vento contrário persistente ao crescimento na maior parte da economia global". Outro ponto é que a distribuição do peso da dívida é desigual. No setor corporativo, por exemplo, empresas grandes e ativas no mercado internacional têm se mantido bastante rentáveis, com balanços sólidos e volumes recordes de dinheiro em caixa.

"Desse modo, o alto nível de dívida corporativa está concentrada em empresas relativamente mais fracas", afirma o relatório, observando que em muitos países emergentes cresceu a taxa de empréstimos problemáticos. "Esses sinais de desconforto - num cenário em que os juros estão em níveis recordes de baixa - vão apenas se tornar mais sérios à medida que as taxas aumentarem, quando os grandes bancos centrais começarem a normalizar as condições monetárias".

Fonte: Valor Econômico

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