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O governo sempre toma decisões que impactam nossa vida

O potiguar - e todo brasileiro, de uma maneira geral - começou 2014 fazendo conta. O governo federal aumentou na virada do ano as alíquotas dos tributos que incidem na compra de móveis...

13/01/2014 09:21

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O governo sempre toma decisões que impactam nossa vida

O potiguar - e todo brasileiro, de uma maneira geral - começou 2014 fazendo conta. O governo federal aumentou na virada do ano as alíquotas dos tributos que incidem na compra de móveis, painéis e automóveis e elevou em 6% a taxa para as compras realizadas no exterior - e pagas no cartão pré-pago. Desse jeito, o orçamento que já era curto, observa Reinaldo Domingos, educador financeiro, ficou ainda menor. Sem falar no pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) , que já começaram a ser cobrados. O resultado disso tudo, observa Reinaldo, é que o salário do trabalhador renderá menos em 2014 e que mais pessoas poderão se endividar, já que terão menos dinheiro para pagar despesas e quitar as dívidas. Nesta entrevista, você confere por que o governo federal decidiu aumentar os impostos e como fazer para não entrar na lista dos inadimplentes.
DivulgaçãoReinaldo Domingos é escritor, educador e terapeuta financeiro. Presidente da DSOP Educação Financeira e da Editora DSOP.

O governo federal aumentou uma série de impostos neste início de ano. Há uma razão para isso?

Vamos começar pelo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis.  Esse imposto sempre existiu, mas foi reduzido meses atrás como forma de o governo federal incentivar o consumo e agora voltou a subir novamente. Eu diria que o IPI está praticamente voltando para o patamar original. Isso faz parte do jogo. 


Além do IPI para automóveis, subiram também o IPI para móveis e painéis, que também 
havia sido reduzido em meados do ano passado, e o IOF, que taxa transações realizadas no exterior, sobretudo o saque de dinheiro em moeda estrangeira e o pagamento de dívidas do cartão de débito em moeda estrangeira. Que reflexo isso terá na vida dos brasileiros?

Acredito que o aumento dos impostos vai se refletir diretamente no bolso do consumidor, vai corroer o aumento do salário mínimo, e também vai aumentar um pouco os preços. 

Vai brecar o consumo, como dizem alguns especialistas?

Não acredito que impactará tantos nas vendas. O problema seria maior se o governo federal resolvesse limitar, de alguma maneira, o parcelamento das compras. Aí sim seria um problema, porque o consumidor não olha muito para imposto na hora de comprar. Ele olha para o parcelamento. Essas facilidades justamente têm trazido mais consumo. Por isso, não acredito que a volta do IPI provocará grande retração no consumo. Vai encarecer o produto, mas não vai impedir que a população continue comprando, mesmo que seja a prazo. 

E o aumento do IOF que taxa as compras e saques realizados no exterior? Como o senhor enxerga essa medida? 

O governo federal está, na minha opinião, corrigindo um erro que cometeu em março de 2011, quando elevou a alíquota do imposto para o cartão de crédito, mas não elevou para o cartão pré-pago pago em moeda estrangeira. O que o governo está fazendo agora? Está corrigindo um erro, porque praticou uma injustiça social. Quem carregava o cartão pré-pago pagava apenas 0,38%, enquanto quem pagava no cartão de crédito pagava 6% mais. Tinha alguma errada nisso. Se a mesma moeda seria usada lá fora, nada mais justo do que cobrar a mesma alíquota. Trata-se de uma correção, de um ajuste. Eu sou justo naquilo que devo ser. Na verdade, eu acho que não se devia cobrar nada de imposto, mas já que se vai cobrar, que se cobre a mesma alíquota para não privilegiar um meio de pagamento em detrimento de outro. 

Isso deverá se refletir em menos viagens ou menos compras, na sua opinião?

Não necessariamente. Isso vai significar que as compras realizadas no cartão vão custar 6% mais, mas isso não quer dizer que por causa de 6% você vai deixar de viajar. O importante é que quem vai viajar mantenha o controle dos gastos que vai ter lá fora, porque a conta vai ficar mais cara. Sendo assim recomendo que levem mais dinheiro. Uma reserva de 40 a 50%, porque vão querer passear por lugares que não haviam pensado, querer comprar coisas que não estavam na sua lista. Em resumo, o aumento não impede que se viaje, mas reduz o dinheiro que a pessoa teria a sua disposição. 

Será que mais algum imposto vai subir ou o governo deve parar por aí? 

Risos. 

Por que o governo elevou tantos impostos no início do ano?

O governo está querendo conter um pouco a inflação – aumento geral dos preços. Está querendo segurar um pouco o consumo. Uma prova disso é a Selic – taxa básica de juros que pode aquecer ou desaquecer a economia, por exemplo, que subiu para10%, levando as pessoas a ficarem mais atentas.

O governo conseguirá atingir o seu objetivo?

As pessoas repensarão o que farão diante desse aumento, acredito. Não digo que a elevação da Selic é uma coisa alarmante (quando a taxa sobe, o crédito fica mais caro e os investimentos tendem a cair). Analiso que é apenas um sinal de que o governo federal quer conter a inflação. O brasileiro precisa entender antes de tudo que o que ocorre na macroeconomia, como o aumento dos impostos, se reflete diretamente na microeconomia, que é a economia doméstica, no orçamento da família, o nosso bolso. O governo federal não para de tomar decisões que impactam no nosso dia a dia.

Diante do aumento de tantos impostos, os potiguares – e brasileiros, de uma forma geral – mudarão seus hábitos de consumo? Adiarão desejos? Tipo, quem vai viajar, viajará, mas gastará menos; quem queria comprar um carro,  aguardará mais um pouco para ver como os preços se comportarão?

Eu sou muito honesto em dizer que o brasileiro precisa rever seu posicionamento para 2014 sim. O que está acontecendo com o país? Cada vez mais o consumidor está pagando imposto. Ele vai consumir, pag4, em 2024, em 2064. É importante que  realizem um planejamento  mais alongado. 


Seria recomendável fazer menos gastos este ano?

Sim. 2014 não será um ano simples. Pelo contrário. Teremos uma Copa do Mundo, eleições, ou seja, teremos menos dias no calendário. Nós precisamos nos  precaver, fazer reservas financeiras para resistir a uma possível problemática com relação aos nossos trabalhos.

O que fazer?

Primeiro, cada trabalhador precisa responder a seguinte pergunta: se eu perder o emprego e deixar de receber o salário a partir de hoje, por quanto tempo conseguirei manter o meu atual padrão de vida? O que você responderia? Se eu hoje não tenho uma reserva financeira de três a seis meses é sinal de que já estou com problema e que é um problema que eu não corrigi ao longo de minha vida. E se eu não corrigir e continuar fazendo do jeito que sempre fiz, nada mudará. É preciso mostrar as pessoas que está na hora da virada. Elas precisam se educar financeiramente. Está na hora de falar a verdade para as pessoas. É hora de rever gastos, de rever tudo, de fazer uma faxina financeira. 

Como fazer isso?

Primeiro é preciso reunir a família e fazer um diagnóstico da sua real situação financeira. Comparar quanto você recebe e quanto você gasta para tentar identificar para onde vai o seu dinheiro por 30 dias. Esse diagnóstico precisa ser minucioso. Só assim o trabalhador vai perceber que há um excesso em cada de despesa, ou seja, ele gasta mais água do que precisa, mais energia. Depois disso, ele precisa sonhar junto com sua família e definir quanto precisa poupar para realizar esse sonho e por quanto tempo precisa poupar. Importante é traçar sonhos a curto, médio e longo prazos. O terceiro passo é fazer o orçamento financeiro. As pessoas aprenderam que primeiro precisam gastar e que se sobrar alguma coisa é que  podem ser felizes. Mas isso não funciona. O dinheiro precisa ser reservado primeiro para os sonhos e depois para as despesas. Primeiro se ganha, depois reserva-se para os sonhos e depois paga-se as despesas. Em seguida, vem o ato de poupar, com um objetivo determinado. Dinheiro guardado sem objetivo é dinheiro de ninguém. 

Fonte: Tribuna do Norte

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