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Especialista orienta os primeiros passos para se abrir uma empresa

Como se tornar um empreendedor no Brasil? Quais as dificuldades enfrentadas para atingir as metas de um bom negócio

24/01/2014 09:24

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Especialista orienta os primeiros passos para se abrir uma empresa

Como se tornar um empreendedor no Brasil? Quais as dificuldades enfrentadas para atingir as metas de um bom negócio? Quais passos a serem seguidos? Para responder a estas perguntas o DCI conversou com o advogado especialista em direito tributário, trabalhista, societário e administrativo do escritório Xavier Advogados, Cristiano Xavier, que atua exclusivamente no segmento empresarial, e lida com problemas administrativos quase diariamente.

Planejamento é fundamental para um negócio de sucesso, e deve ser realizado antes e não durante a implementação do conceito, para que as grandes ideias não caiam por terra. “Para isso, existe o plano de negócios, conhecido como ‘business plane’, que aborda questões a serem presumidas e compreendidas”, explica Xavier ao enfatizar pontos primordiais como, por exemplo: público alvo, produtos ou serviços a serem comercializados, atuação geográfica, obtenção de receita e lucro, estoque, números de funcionários e tributação.

O Brasil é o segundo no ranking do empreendedorismo no mundo, apesar das dificuldades com gastos trabalhistas e toda a burocracia envolvida nos negócios.  Como fuga da formalidade exigida, nasceram nos últimos anos modelos de negócios informais, grandes ideias criadas na garagem, que não exigem grande custo para serem sustentadas, mas que movimentam capital. Este tipo de negócio nasce principalmente nas comunidades carentes.

“Quanto melhor puder esmiuçar estas questões, maior será a chance de sucesso no negócio. Porém, planejamentos não são eternos. Se a empresa cresce 100%, 150% em um ano, o antigo planejamento de nada mais vale e deve ser revisto”, explica o advogado.

Segundo Xavier, não é preciso um grande investimento para iniciar um negócio de maneira formal, importante é conhecer o segmento, e ter um profissional de confiança para cuidar da contabilidade e dos contratos. “Se fosse mais barato, é claro que os negócios seriam mais rápidos”, afirma. “Deve-se também ter paciência e calma, pois a obtenção do alvará de funcionamento é burocrática e exige dinheiro”, conclui.

A área de prestação de serviços, como telefonia, encanador e marceneiro é um caminho promissor a se seguir, explica o advogado. “Essa é uma tendência mundial, e no Brasil, não é diferente. Ocorre principalmente nas grandes cidades, e vem abrindo um campo enorme. Em contrapartida, a área das pequenas indústrias mostram queda. Classifico, em primeiro lugar, serviços; em segundo, varejo; e a área industrial fica em terceiro lugar, como nicho de oportunidades para novos negócios. Serviços ligados à alta tecnologia também geram uma gama de oportunidades. Basta vermos o exemplo do Google, que nada mais é que um prestador de serviços”.

“O profissional de TI (tecnologia da Informação) é o mais valorizado do mercado, mais difícil de encontrar, pois muitas vezes possui um conhecimento empírico sobre tecnologia, e formação acadêmica rígida”, explica.

Franquias podem ser consideradas bons modelos de negócios, mas devem ser entendidas, e possui limitações. Simplesmente ter uma marca em mãos não é a certeza de que se terá sucesso. É um trabalho como qualquer outro, possui taxas para a exposição da marca, chamados de royalties, taxa de publicidade, padronização, etc. A legislação de franquias é bem rigorosa.

“Há muitos casos em que colaboradores trabalham em uma determinada marca, seja como trainee, executivo, estagiário ou gerente. Daí resolve franquiar à marca. Para quem está por fora e deseja investir, é bom que se tenha, pelo menos, ‘uma noção do que não se deve fazer’, para não ‘apanhar’. Recomendo uma faculdade de gestão de empresas, ou até mesmo um curso especializado. Isso agrega conhecimento e experiência para os desafios do dia-a-dia, como motivações de funcionários.”, argumenta Xavier.

 

“Pelo que conheço e estudo, mas sem base em pesquisas comprovadas, e sim por feeling, acredito que um valor razoável para começar um pequeno negócio seja em média de cinco mil reais, para se bancar um contador e ter um dinheiro mínimo para um aluguel, a chamada capital de risco.”, explica Xavier.

DIFICULDADES

O Brasil é o país com as maiores taxas tributárias do mundo, à frente de outras nações que formam o bloco econômico denominado BRICS, formado por Rússia, Índia, China e África do Sul.

Dentre as dificuldades enfrentadas no país das altas taxas de tributação, estão os encargos sociais enfrentados pelo empreendedor. É um entrave violento, que corresponde a 40% do PIB no Brasil, com crescimento anual. Os encargos sociais chegam a 112% sobre a folha de pagamento, benefícios como auxílio transporte, auxílio alimentação, auxílio doença, INSS (Instituto Nacional do Seguro Nacional), 40% sobre o valor do fundo de garantia.

 A taxa tributária no Brasil é maior que o PIB (Produto Interno Bruto), tributa quase 15 pontos percentuais maiores que os Estados Unidos. São gastas até 2.600 horas para se recolher e pagar os impostos corretamente.

“No Brasil existe uma questão cultural, denominada, entre aspas, ‘indústria da justiça do trabalho’, que faz com que funcionários tenham por hábito ingressarem na justiça do trabalho em busca de direitos, inclusive dando moral por serem demitidos, mesmo após o pagamento correto dos tributos e obrigações trabalhistas. E como não se abre um grande negócio sem mão de obra, empreendedores têm de arcar com este alto custo, o que ‘engessa’ os empresários, e prejudica o empreendedorismo como um todo.”, argumenta Xavier.


Fonte:Diário do comércio

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