Recorde-se que não há fórmulas de autoajuda social para se obter a felicidade ou a paz de espírito. O Brasil deve interrogar-se antes de se tranquilizar para o futuro. O brasileiro de hoje sente-se bastante inquieto e, geralmente, perplexo. Labuta, mas tem uma vaga consciência da futilidade dos seus esforços. Enquanto cresce na sua vida individual com a onda de consumo desde automóveis até viagens ao exterior, sente-se impotente em sua vida espiritual, individual e social, perdendo de vista o que dá significado a tudo, o próprio ser humano.
Em 2009, a Economist Intelligence Unit (EIU), centro de pesquisas da revista britânica The Economist, divulgou que “o Brasil está na moda e no caminho para um crescimento sustentado da economia acima de 5% ao ano”. Na onda do otimismo em relação ao País, a revista citava a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016 e projetava crescimento de 7,8% para 2010, acima dos surpreendentes 7,3% previstos pelo Banco Central (BC).
Claro, as previsões caíram, e o Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 ficou em irrisórios 0,9%, com 2,51% no ano passado. No entanto, incrivelmente e comprovando a bipolaridade socioeconômica, o Brasil é 4º país mais atraente ao capital externo. Foram, só nos últimos dez anos, € 131 bilhões investidos aqui, apenas atrás da China, Estados Unidos e Índia.
O obstáculo, porém, é que esses investimentos não foram destinados à inovação ou em pesquisa, e sim para atender a um mercado local em crescimento e também no setor de produtos primários. As estimativas apontam que 980 projetos desembarcaram no País entre 2003 e 2013, criando mais emprego do que nos EUA. No Brasil, as multinacionais geraram 411 mil postos de trabalho entre 2003 e 2012. Nos EUA, o volume de investimentos estrangeiros gerou 410 mil empregos. Por esse critério, o Brasil só perde para a China e Índia em termos de empregos gerados graças aos investimentos externos, porém, os gargalos na infraestrutura continuam um grave problema.
Neste ano de 2014, podemos avançar ou ter dias tenebrosos, social, econômica e politicamente falando. Entretanto, Platão perguntava quem eram os filósofos no seu tempo. E ele mesmo respondia: são aqueles que amam comtemplar a verdade. E a verdade, que liberta, aparecerá neste ano de 2014, com a Copa do Mundo e as eleições.
Fonte: Jornal do Comércio - RS