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Governança corporativa é alvo de rede média

Com o crescimento do varejo acima da média dos demais setores da economia brasileira, empresários de médio porte mostram-se mais atentos à necessidade de uma gestão diferenciada

06/03/2014 05:27

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Governança corporativa é alvo de rede média

Com o crescimento do varejo acima da média dos demais setores da economia brasileira, empresários de médio porte mostram-se mais atentos à necessidade de uma gestão diferenciada e passam a empregar em suas empresas práticas de governança corporativa.

A contratação de executivos mais aptos, soluções tecnológicas e a criação de um conselho administrativo com poder de decisão tornam esses players profissionalizados e capazes de competir com as gigantes do setor.

Foi o que afirmou o sócio de gestão da Mesa Corporate Governance, consultoria especializada em governança corporativa, Luiz Marcatti. "No País, estima-se que mais de 80% das empresas sejam familiares. Por isso, a necessidade de uma administração feita por profissionais do mercado é cada vez mais importante", explicou. Ainda segundo o especialista, as tomadas de decisões tornam-se mais sensatas e evitam o conflito de interesses, ainda mais se a empresa varejista vislumbrar a abertura de seu capital no futuro, ou a venda de participação para fundos de private equity.

"Os investidores estrangeiros, ao procurarem uma empresa para investir, em mais de 90% dos casos, escolhem as marcas que já empregam a governança corporativa. Quando não há essa gestão, eles exigem essa 'ferramenta' ao assinar um contrato", disse ele.

Os empresários que vislumbram a ida à Bolsa de Valores, além das práticas de governança corporativa, devem se atentar a detalhes como a comunicação da empresa com o mercado, e a participação de encontros com potenciais investidores, conforme explicou a sócia da MBS Value Partners, Monique Skruzny. "Damos preferência de iniciar o processo de abertura de capital de uma empresa com um ano de antecedência. Nesse período, nós usamos o tempo para garantir que todos os materiais de comunicação dos acionistas, como o site, press releases e apresentações foram comparados com as práticas globais. Vemos como articular claramente a tese de investimento da empresa", explicou.

A executiva apontou também que ao iniciar o processo de abertura de capital, o empresário não precisa fazer a Oferta Primária de Ações (da sigla em inglês IPO) em seu país sede. A empresa pode, sim, escolher outro mercado para se capitalizar. "Há empresas como a El Tejar [de agronegócios], que se baseou na Argentina e que mudou a sede para o Brasil para se beneficiar de uma listagem futura no mercado brasileiro".

Luiz Marcatti ressaltou que mesmo com toda a preparação, esse processo é difícil, ainda mais na gestão brasileira em que abrir os dados financeiros da empresa causa certo desconforto. "É cultural do empresário brasileiro. Enquanto lá fora isso é uma prática constante, aqui apenas as empresas de capital aberto o fazem. Quando uma empresa quer vender cotas de sua marca, e até mesmo abrir seu capital, esse é o processo mais demorado", disse.

Mudanças

Caso do emprego da governança corporativa emblemático no Brasil foi o do Grupo Pão de Açúcar (GPA). O varejista francês Casino, assim que assumiu a empresa, indicou novos nomes para o conselho administrativo, assim como instaurou a governança corporativa como forma de redução de custos e aperfeiçoamento da administração das marcas pertencentes ao Grupo. O resultado das mudanças empregadas de 2012 para cá: marcas rentáveis, com presença nacional e liderança no segmento supermercadista brasileiro. "Não importa o tamanho da sua empresa, se é pequeno, médio ou grande porte. A governança corporativa é capaz de preencher lacunas comuns nas tomadas de decisões, na capitalização da empresa, na redução dos custos, na gestão de pessoas, enfim, em toda a operação", argumentou Marcatti, ao DCI.

Pesquisa realizada anteriormente pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) com 300 empresas de controle nacional - com faturamento acima de R$ 200 milhões - identificou a crescente percepção dos empresários brasileiros sobre a governança de 2003 a 2009. Dos entrevistados, 95% afirmaram que ao modificar a gestão foi possível aumentar a transparência da empresa; 93% identificaram a melhora na gestão, assim como a melhora na imagem da empresa perante o mercado. Para 85% dos executivos, a prática de governança corporativa é capaz de alinhar o pensamento entre os donos e os acionistas, além de 82% acreditarem que a medida é capaz de facilitar acesso ao crédito.

Na opinião de Luiz Marcatti, a falta de sucessão no comando de uma empresa familiar também é aliada quando se fala em governança corporativa. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de cada 100 empresas com o comando familiar, apenas 30 delas chegam à segunda geração. E somente cinco conseguem alcançar a terceira. "A sucessão em um negócio familiar é de extrema importância, mas por vezes o filho, o sobrinho ou o neto não são os mais indicados para um cargo de presidência", explicou o especialista.

Por Flávia Milhassi

Fonte: DCI - SP

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