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Copom: Entidades criticam o aumento da taxa de juros na Selic

SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou na noite desta quarta-feira (2), o aumento da taxa básica de juros (Selic) em +0,25 ponto percentual

03/04/2014 08:30

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Copom: Entidades criticam o aumento da taxa de juros na Selic

SÃO PAULO -  O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou na noite desta quarta-feira (2), o aumento da taxa básica de juros (Selic) em +0,25 ponto percentual, para 11% ao ano. Trata-se da nona elevação consecutiva, situação que era aguarda da pelos especialistas. A votação contou com os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

O anúncio ganhou repercussão entre os líderes das principais entidades de classe do país, que "quase" por unanimidade avaliam como negativa a decisão, sendo o aumento prejudicial para o crescimento econômico do país. 

Indústria

Para a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), não existem fatores que justifiquem mais uma elevação dos juros. "A economia segue em marcha lenta, e nova alta de juros só servirá para retardar ainda mais a retomada, com o agravante de que os juros estão subindo e as expectativas de inflação não caem", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp. "O Brasil só trabalha no curto prazo, não há gestão, estratégia. O país precisa deixar de lado o improviso. Precisamos de um plano focado no crescimento econômico, controle dos gastos de custeio, investimento em infraestrutura, educação de qualidade e reforma tributária. O Brasil precisa de um plano de longo prazo e menos juros", completa Skaf.

"A oitava alta consecutiva da taxa básica de juros apenas corrobora a necessidade de alterações na política econômica em curso. A opção por uma política fiscal expansionista impõe um grande desafio à política monetária. Prova disso é que, mesmo após alta de 3,75 pontos percentuais da taxa Selic, as expectativas de inflação encontram-se em patamar mais elevado do que quando foi iniciado o atual ciclo de aperto monetário, há um ano. O Entendemos que não há como conciliar juros altos e crescimento elevado, por isso insiste na importância de um superávit primário maior para este ano e os próximos, de forma a reduzir a pressão sobre os preços e ancorar as expectativas de inflação", comunicou a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Varejo

Na avaliação do presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas  (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, neste momento o governo brasileiro precisa fazer um sacrifício político e enxugar as despesas públicas para controlar a inflação. "O aumento de juros é um mecanismo que deve ser acionado somente em último caso, porque esfria a economia, restringe o crédito e piora a situação das famílias. O governo precisa arrochar as contas públicas e fazer o dever de casa, principalmente em se tratando de um ano eleitoral", afirma.

Para o líder do movimento varejista, a elevação dos juros não é o único mecanismo para conter a alta dos preços e também está longe de ser o menos custoso. "Primeiramente, o controle inflacionário precisa ser realizado por meio de um amplo ajuste fiscal na máquina pública, com cortes de gastos de custeio e com desoneração dos setores produtivos", defende Pellizaro.

Segundo o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato "ao elevar a taxa Selic para 11,0%, com aumento de 0,25 ponto percentual, o Banco Central parece ter reforçado sua disposição de atuar para conter a alta da inflação, impulsionada pelo aumento de preços dos produtos agrícolas, decorrente da estiagem, e pelo comportamento expansionista do gasto público. A manutenção do ritmo de aumento dos juros também visa a conter as expectativas de inflação, que continuam ascendentes. Daqui para a frente, devido ao fraco nível de atividade e à redução da taxa de câmbio, num contexto de deterioração das contas externas, poderia ser conveniente realizar uma pausa no incremento da taxa Selic."

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), José do Egito Frota Lopes Filho, o aumento anunciado resulta dos desastres de uma política econômica mal planejada e focada apenas em resultados de curto prazo. "Por meses a fio, o Banco Central vem elevando a taxa básica de juros, que já havia alcançado o mesmo nível do início da gestão da presidente Dilma. Agora, esse nível foi ultrapassado e os impasses que justificam tecnicamente novos aumentos em futuro próximo continuam presentes", aponta.

"Um desses impasses é o consumo, que ainda é o principal motor de nossa economia. Se por um lado ele precisa ser controlado por meio de juros para não gerar ainda mais pressões, por outro, não pode ser excessivamente contido para não prejudicar ainda mais o crescimento", destaca.  "As empresas são cada vez mais penalizadas, já que os tributos continuam elevados, apesar de desonerações pontuais, e o investimento em atividades produtivas vem voltando a ser pouco atrativo diante dos juros do mercado financeiro", complementa o presidente da ABAD.

Finanças

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) critica duramente  a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). "Essa nova e descabida elevação da Selic somente favorece o apetite insaciável do mercado financeiro e vai encarecer a produção e o consumo, dificultando o crescimento econômico do país e freando a política de geração de empregos, melhoria dos salários dos trabalhadores e a distribuição de renda", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

Cordeiro lembra que, apesar das pressões climáticas adversas, a inflação está dentro dos parâmetros definidos pelo Banco Central (4,5% a 6,5% ao ano). "O caminho deveria ser inverso, ou seja, a queda dos juros, buscando seguir padrões internacionais", defende. "Além do controle da inflação, o BC deveria estabelecer metas sociais, como a geração de empregos e redução das desigualdades", destaca.

"O novo aumento da Selic representa, na realidade, outra capitulação do Copom diante do terrorismo do mercado financeiro, o único que ganha rios de dinheiro com a subida dos juros, enquanto todos os demais setores da sociedade perdem", destaca o presidente da Contraf-CUT. "Esse mecanismo é uma herança perversa da ditadura civil-militar, criado no governo Castelo Branco para remunerar os detentores de títulos da dívida pública", completa.

Fonte: DCI

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